Por Marta F. Reis, in iOnline
Novo programa nacional de luta contra a sida terá como prioridade criar
O novo programa nacional para a Infecção do VIH/Sida arrancará com duas metas ambiciosas a alcançar em 2016: reduzir as mortes por sida a metade e as novas infecções em 25%. António Diniz, director do programa da Direcção-Geral de Saúde (DGS), adiantou ao i que a prioridade para atingir estes objectivos será criar uma rede de referenciação no país, com centros de tratamento próximos da população e unidades mais centrais, de referência.
Sem revelar datas, António Diniz disse ao i que o programa será apresentado em breve e será para arrancar já o trabalho no terreno. Até ao final do ano, a DGS vai estabelecer os critérios que definirão cada uma das tipologias das unidades da rede de referenciação, para depois pedir uma avaliação dos cerca de 40 serviços que actualmente seguem doentes e identificar em que categoria se inserem. O objectivo é que a rede de referenciação esteja operacional já no ano de 2013.
Para já, disse o responsável, não é possível detalhar ainda mais as metas finais além das percentagens: o objectivo desta rede passará também por aumentar o diagnóstico precoce e o número de casos notificados, com uma maior cobertura dos locais onde se fazem testes rápidos de detecção do VIH/Sida. Só depois de se ter uma percepção das notificações com esta nova metodologia de trabalho é que será definido o patamar a que o país pretende chegar. Os últimos dados epidemiológicos permitem ainda assim uma ideia. Em 2010 foram notificados 1720 casos de infecção nos diferentes estádios e a doença foi associada à morte de 117 pessoas.
Os dados de 2011 serão também em breve publicados pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge. No ano passado, o balanço de 2010 foi conhecido em Fevereiro, mas António Diniz ressalva que é preciso um intervalo de um ano para agrupar todas as notificações, pelo que só no final do ano passado se teve uma imagem mais real de 2010.
Por este motivo, o relatório de 2010 disponível online já está desactualizado e António Diniz antecipa que a tendência de 2011, com os dados disponíveis até ao momento, aponta para alguma estabilidade e mesmo melhoria nos indicadores.
Embora haja quebra em indicadores como as novas infecções em utilizadores de drogas injectáveis, o responsável adianta que só no final do ano será possível um balanço mais concreto sobre a realidade do VIH/Sida em 2011. Fica, contudo, afastado um cenário preocupante como o que tem sido descrito na Grécia, onde o agravar dos indicadores socioeconómicos já foi associado a um aumento de 50% nas infecções.
Médio-Tejo teve a "solução possível"
O fim da consulta de VIH/Sida no centro hospitalar do Médio Tejo, em Fevereiro, levou 220 doentes, até aqui seguidos em Abrantes, a passar para acompanhamento em Santarém. António Diniz classifica a alternativa encontrada pela administração, que diminuiu a acessibilidade dos doentes, mas não os deixou sem resposta, como a "solução possível". E sublinha que é este tipo de situações que a rede de referenciação pretende evitar, com respostas mais articuladas em caso de falência dos serviços.