in Jornal de Notícias
A restauração poderá perder 64 mil empregos até ao final do ano, disse, esta quinta-feira, na Assembleia da República, o secretário-geral da associação do setor, José Manuel Esteves.
"Segundo o Instituto Nacional de Estatística, houve 15.900 postos de trabalho perdidos no primeiro trimestre. Em termos homólogos [comparando com o mesmo trimestre de 2011], foram menos 33 mil empregos. Projetando para o total do ano, vamos ter mais de 64 mil [novos] desempregados", disse o secretário-geral da Associação da Hotelaria e Restauração (AHRESP), numa reunião com deputados da comissão de Orçamento e Finanças.
A AHRESP apresentou este mês uma petição na Assembleia da República para reivindicar que a taxa do IVA na restauração desça dos atuais 23% para 13%, a taxa que vigorava até ao início deste ano.
Esteves acrescentou que, quando o Governo anunciou o aumento do IVA na restauração, a AHRESP fez uma estimativa de 47 mil empregos perdidos: "Disseram-nos na altura que estávamos a exagerar, e afinal?".
José Manuel Esteves disse ainda que "o segundo trimestre será pior, e a segunda metade do ano será incomportável" para a restauração: "O nosso gabinete de crise recebe diariamente centenas de empresários desesperados."
O deputado João Almeida (CDS-PP) contrapôs que os problemas sentidos pela restauração não se devem apenas ao aumento do IVA, porque "a quebra da procura é anterior" a essa medida: "Mesmo que o IVA tivesse baixado, muito dificilmente isso iria anular uma quebra da procura derivada da perda de poder de compra das famílias."
Também o social-democrata Virgílio Macedo notou que "os restaurantes não são um bem de primeira necessidade", e que em tempos de crise é normal que as receitas do setor se reduzam: "Quando as pessoas têm de fazer opções, é um bem onde podem cortar."
Macedo acrescentou ainda que "é uma extrapolação demasiado direta fazer a correlação entre o aumento da taxa do IVA" e o aumento do desemprego no setor: "O aumento do desemprego não tem sido só na restauração", disse o deputado do PSD eleito pelo Porto.