Lucília Tiago, in Dinheiro Vivo
Há cada vez mais desempregados a esgotar os tempos máximos de atribuição dos subsídios de desemprego (inicial, subsequente e social).
Em janeiro, o número de pessoas sem trabalho e sem direito a estes apoios ascendia já já 303.478, o que traduz uma realidade nunca antes registada.
Em apenas um mês, a fileira dos desempregados sem direito a receber subsídio de desemprego ficou com mais 15.500, segundo indicam os mais recentes dados da Segurança social e do Instituto do Emprego e da Formação Profissional.
Ainda assim, a relação entre os que recebem e deixaram de receber manteve-se inalterada nos 47,6% já observados em dezembro.
A crise continua a empurrar cada vez mais pessoas para o desemprego. Em Janeiro, o número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego totalizava 637.662, traduzindo uma subida de 5,3% em relação ao mês anterior.
Neste mesmo período, subiu também, mas de forma menos significativa (2,5%), os beneficiários de prestações de desemprego, com a Segurança Social a registar um total de 317.118 pessoas, o que representa uma subida de mais 7700).
Este desequilíbrio no ritmo de crescimento entre o número de desempregados inscritos e os que recebem aquele apoio social faz com que seja cada vez maior o grupo dos que ficam de fora do subsídio de desemprego.
Um cenário que está diretamente ligado com o fato de as pessoas se manterem por períodos mais longos sem conseguir regressar ao mercado de trabalho, acabando por esgotar os prazos do subsídio de desemprego, e também pelo facto de desde o final de 2010 a atribuição do subsídio social de desemprego estar dependente da prova de condição de recursos, na qual são tidos em conta todos os rendimentos não apenas do agregado (incluindo contas bancárias ou certificados), mas de todas as pessoas que residem na mesma morada. Ou seja, no limite, a reforma de uma tia-avó que partilhe a casa do desempregado, também é contabilizada na condição de recursos.
Já no que diz respeito ao valor médio pago a cada beneficiário do subsídio de desemprego, não há diferenças a assinalar entre o final de 2011 e o início de 2012. Em média, cada desempregado recebe 533 euros de subsídio de desemprego.
No social, o valor também se manteve inalterado nos 346 euros.
A escalada do desemprego (que no final de 2011 atingia já 771 mil pessoas, segundo o INE) é também visível no número cada vez mais elevado de pedidos de subsídio que chegam à Segurança Social. Em janeiro, estes serviços deferiram 25.840 requerimentos, mais dois mil do que em dezembro.