in Jornal de Notícias
A secretária de Estado da Igualdade, Teresa Morais, vai dizer à Organização das Nações Unidas, no balanço que apresentará sobre igualdade de género em Portugal, que o acesso a cargos de decisão política evoluiu, mas ainda "é francamente negativo" na economia.
"Há uma assimetria, em Portugal muito notória, entre o papel que as mulheres já têm no domínio da participação política e a escassa representação que têm ao nível dos lugares de decisão económica", afirmou a governante, em declarações à agência Lusa, antes de partir para Nova Iorque (Estados Unidos da América), onde vai participar na 56.ª sessão da Comissão sobre o Estatuto das Mulheres (CSW, na sigla em inglês).
A secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade chefia a delegação portuguesa à CSW, exclusivamente dedicada à igualdade de género e que reúne anualmente representantes dos estados-membros para avaliar os progressos.
A sessão deste ano, que começa na segunda-feira e se prolonga até 9 de março, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, tem como tema central o fortalecimento do papel das mulheres rurais e o seu papel na erradicação da pobreza e da fome e no desenvolvimento.
Na intervenção que fará no plenário de alto nível, na segunda-feira, Teresa Morais vai reconhecer que "a situação do país é francamente negativa" no que respeita à representação de mulheres nos lugares de decisão económica, que "está muito abaixo da média europeia".
Recordando que os passos políticos para enfrentar esta "assimetria" já dados "não tiveram efeitos práticos", limitando-se a "fixar orientações e boas práticas", Teresa Morais garante que o Governo "está a fazer uma reflexão" sobre o assunto.
"Há um caminho a percorrer", reconhece, realçando que não é só uma questão de "justiça". "Há uma dimensão económica que é importante que os empresários comecem a reconhecer", assinala, citando estudos que sustentam que "há um acréscimo de produtividade e um ganho financeiro para as empresas que têm quadros de administração mais equilibrados e em que as mulheres participam na gestão".
"Há até estudos que demonstram que a presença de uma única mulher nos lugares de administração não é suficiente, porque só quando elas existem de uma forma plural é que conseguem verdadeiramente influenciar o resultado", frisa.