24.2.12

Presidente do IEFP: “O que oferecemos aos desempregados é pouco”

in Público on-line

Octávio Oliveira, presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional, reconhece que os centros de emprego “oferecem pouco” aos desempregados e tem dúvidas quanto ao cumprimento das metas ontem aprovadas pelo Governo.

“Neste momento o que oferecemos aos desempregados é pouco. Muitas das vezes é o controlar da apresentação quinzenal. É um desafio que possamos oferecer outro tipo de respostas às pessoas que temporariamente estão desempregadas”, disse esta manhã o presidente do IEFP no fórum da TSF.

Já em relação às metas ontem aprovadas pelo Conselho de Ministros esta quinta-feira e que pressupõem o aumento em 20% das ofertas de emprego e em 50% das colocações de desempregados, Octávio Oliveira alerta que tudo depende da conjuntura económica.

“Essas metas têm de ser avaliadas no contexto de várias situações. Quem cria empregos e quem gera ofertas de emprego é a economia e as empresas. Isso terá de estar em sintonia com o ambiente económico que o país possa viver”, justificou.

No Programa de Relançamento do Serviço Público de Emprego o Governo propõe-se captar 2500 ofertas de emprego e colocar três mil desempregados por mês, mas nas colocações incluem-se os desempregados contratados ao abrigo de programas de apoio ao emprego.

Oposição e CGTP criticam recurso a empresas privadas de emprego

A intenção de o Estado financiar agências privadas de emprego que coloquem desempregados não subsidiados é criticada por sindicatos e partidos da oposição.

O PCP lamenta que o Governo tenha optado pela “desresponsabilização” em relação ao desemprego, decidindo “criar uma oportunidade de negócio para as agências privadas” em vez de “combater efectivamente este flagelo”.

“O PCP considera inaceitável esta decisão do Governo, a confirmar-se, quando mais preocupado deveria estar a combater efectivamente o desemprego do que em criar uma área de negócio para as agências privadas”, afirmou a deputada comunista Rita Rato. “É uma obrigação constitucional do Estado garantir uma resposta à situação de desemprego e não a sua desresponsabilização”, afirmou.

O Bloco de Esquerda acusa o Governo de querer “utilizar verbas públicas para colocar” empresas privadas de trabalho temporário a “cumprir competências que são dos centros de emprego” do Estado.

“Não precisamos hoje em Portugal de nenhum mecanismo de ficção, num país com um milhão e 200 mil portugueses à procura de emprego, uma taxa de desemprego de 14%, com um terço dos jovens desempregado, as verbas públicas devem ser direccionadas para criar emprego”, defendeu a deputada Ana Drago, citada pela Lusa.

A deputada alertou ainda que as empresas de trabalho temporário “são conhecidas por explorar muitos dos jovens trabalhar” e por “mecanismos de vinculação laboral absolutamente precários”.

Em declarações à TSF, Joaquim Dionísio, dirigente da CGTP, considerou a proposta “condenável”. Para o sindicalista, a medida “para além de não ser adequada, é uma medida condenável no momento que nós estamos a viver” e revela “uma intenção de transferir recursos públicos do sector público para o sector privado”.

O PÚBLICO tentou uma reacção da associação que junta as agências privadas de emprego, mas até ao momento não foi possível