Filipa Almeida Mendes, in Público on-line
Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “estamos ainda na ponta do icebergue” e que a crise causada pela pandemia da covid-19 terá um impacto profundo “sobretudo nos menos jovens com dificuldade de reajustamento ao mercado de trabalho e nos mais jovens que vêem os seus projectos adiados”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu esta segunda-feira que “atravessamos o começo de uma crise muito profunda”. “Já várias vezes a qualifiquei como brutal. Estamos ainda na ponta do icebergue”, afirmou, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita às veredas da serra de Monchique, no distrito de Faro.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou, porém, que têm sido implementadas medidas como o “lay-off simplificado, os complementos, o regime de sucessão do lay-off simplificado e outros apoios sociais que têm amortecido o aumento do desemprego”. “É um amortecimento de uma realidade social que corresponde à paragem brutal que houve na economia portuguesa, como nas economias europeias e muitas economias mundiais”, acrescentou.
A crise vai ter impacto profundo em muitas famílias, disse o Presidente da República, “sobretudo nos menos jovens com dificuldade de reajustamento ao mercado de trabalho e nos mais jovens que tinham projectos e que vêem adiados esses projectos e que, em muitos casos, porque tinham empregos precários são dos primeiros a serem dispensados”.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou esta segunda-feira que o Produto Interno Bruto de Portugal registou, entre Abril e Junho deste ano, uma diminuição em cadeia de 13,9% em termos reais face ao primeiro trimestre de 2020, e de 16,3% em termos homólogos, face aos mesmos três meses de 2019.
Face ao período homólogo, as exportações de bens e serviços recuaram 39,5%, mais do que a queda de 29,9% nas importações, “devido em grande medida à quase interrupção do turismo de não residentes”.
O INE explica que a “forte contracção da actividade económica reflectiu o impacto da pandemia covid-19 que se fez sentir de forma mais intensa nos primeiros dois meses do segundo trimestre”.
Marcelo Rebelo de Sousa termina esta segunda-feira uma visita de dois dias ao concelho de Monchique, onde tem contactado com a população nas zonas das Caldas de Monchique das veredas da serra. No final da visita, o Presidente da República desloca-se também para Faro, onde vai visitar o Museu Municipal e receber a Chave de Honra da cidade, antes de participar num jantar com os autarcas do Algarve, no âmbito dos contactos que tem mantido com os municípios da região para acompanhar a evolução da economia depois de levantadas as restrições impostas pela pandemia de covid-19.