9.2.12

Centros sociais à beira da falência

Por:Secundino Cunha/ A.P., in Correio da Manhã

Crise: Dívidas e salários em atraso afectam mais de 400 instituições

Mais de 400 instituições de solidariedade social (IPSS), sobretudo centros sociais e paroquiais, estão à beira da falência. Há IPSS com a ‘corda na garganta’ em todo o País, mas a situação mais complicada vive--se na diocese de Setúbal.

"Se mais alguns pais deixarem de pagar as mensalidades, as coisas complicam--se muito", refere D. Gilberto Reis, bispo de Setúbal, esperando que o Estado "avance com o plano de emergência".

Os atrasos nos pagamentos – situação que tem vindo a aumentar – e a diminuição dos donativos são as principais causas da acentuada quebra de receitas, que está a resultar em dívidas e, em diversos casos, em salários em atraso.

"Um idoso custa 1135 euros por mês. O Estado dá 348,70 euros e os utentes, em média, 360. Os outros 430 vêm dos donativos, ou de trabalhos produzidos pela instituição", explicou ao CM o cónego Narciso Fernandes, presidente do Centro Social Padre David, em Braga, revelando que "a quebra nos donativos é superior a 60 por cento".

O presidente da Pastoral Social, D. Jorge Ortiga, admite que alguns centros sociais terão de "reduzir os custos" e outros "reequacionar o plano de obras, que custam muito dinheiro". Para o padre Lino Maia, reeleito presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, "a situação que se vive, nalguns casos, é alarmante".

QUEBRA DE 80 MIL EUROS POR ANO

Uma das instituições que vive momentos complicados é o Centro de Assistência Paroquial da Amora (CAPA), no Seixal. "O valor dado pelo Estado é tabelado, mas o das famílias é cada vez mais baixo, porque os rendimentos são também cada vez menores", disse ao CM Luís Araújo, tesoureiro do CAPA, para quem "a situação das contas já chegou ao vermelho, com perdas entre os 70 e os 80 mil euros por ano". A instituição acolhe 352 crianças, mas a lista de espera já ultrapassa as 200. Além da Creche e Jardim de Infância, o CAPA disponibiliza serviços de ATL e Refeitório Cultural. Nos últimos cinco anos, a situação degradou-se bastante "devido ao aumento da pobreza", explicou o padre Pedro Granzotto.