10.2.12

Crise europeia trava exportações portuguesas na recta final de 2011

Por Pedro Crisóstomo, in Público on-line

As vendas de bens nacionais ao estrangeiro aumentaram, no ano passado, 15,2%. Mas a recta final de 2011 reflecte já o abrandamento da economia europeia. As exportações voltaram a desacelerar em Dezembro, com um crescimento de 4,4% a ser sustentado pela saída de bens para fora da Europa, ao mesmo tempo que as exportações para o espaço europeu recuaram pela primeira vez em termos homólogos.

De acordo com as estatísticas do comércio internacional do último trimestre, hoje divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), as saídas de bens cresceram 12,4%, enquanto as entradas diminuíram 10,5%. Com isto, o défice da balança comercial diminuiu para 2 815,4 milhões de euros.

No conjunto do ano, as exportações portuguesas aumentaram 15,2% em relação a 2010. Cresceram em Outubro, abrandaram em Novembro e desaceleraram no último mês do ano passado.

O ritmo de crescimento das exportações abrandou de forma significativa em termos homólogos em Dezembro, para 4,4%, quando até aqui tinha estado a crescer sempre acima dos dois dígitos.

A desaceleração que se regista quando é comparado o comportamento das exportações entre Dezembro de 2011 e o mesmo mês do ano anterior ficou a dever-se a uma quebra na venda de veículos e materiais de transporte. Em Dezembro, Portugal exportou menos 15,4% do que no mês anterior; foi a segunda maior quebra mensal, num ano em que se registaram comportamentos mensais muito díspares.

Em termos homólogos, houve uma quebra de 1,1% nas exportações para o espaço comunitário – um sinal de desaceleração nas principais economias –, enquanto, para fora da Europa, Portugal conseguiu vender mais 19,2% de bens.

O conjunto dos 27 países da União Europeia continua, contudo, a ser o principal destino das exportações (2.268 milhões de euros), quando os países extracomunitários totalizam 1.001 milhões de euros.

A UE recebeu mais de dois terços dos bens exportados por Portugal no ano passado: 31.379 milhões de euros, contra 10.988 milhões relativos aos países de fora do espaço europeu. Foi neste conjunto de países que se registou um crescimento mais rápido da saída de bens nacionais (19,6%). As exportações para a UE cresceram 13,8%, com um abrandamento de Outubro para Novembro e uma quebra no mês seguinte.

Espanha, Alemanha e França continuam a ser os três países que maior volume de bens (em euros) receberam no ano passado. Fazendo as contas apenas ao último trimestre, foram exportados para Espanha bens no valor de 2.596 milhões de euros, para a Alemanha no valor de 1.420 milhões e para França de 1.237 milhões.