in Público on-line
O antigo ministro da Economia, Eduardo Catroga, admitiu neste sábado a necessidade de reajustar o programa de auxílio a Portugal, por iniciativa da troika, porque os seus pressupostos mudaram, depois da Alemanha ter dito que Berlim estava disposto a tal.
“A troika é que deveria tomar a iniciativa de fazer o reajustamento. Eu interpreto as palavras do ministro alemão nesse sentido, porque foi a troika que aceitou um determinado conjunto de pressupostos, feitos em Abril, Maio. Agora quando fizerem um ano precisam de ser reavaliados”, disse Eduardo Catroga à agência Lusa, à margem de uma conferência no Instituto Superior de Economia e Gestão.
“A Primavera é o momento oportuno para fazer essa reavaliação”, acrescentou Catroga, que liderou a delegação do PSD que negociou o plano de resgate com a troika, quando o partido estava ainda na oposição.
Na passada semana, numa conversa informal durante a reunião de ministros das Finanças da zona euro, o ministro das Finanças alemão disse que a Alemanha estava pronta a reajustar o plano de apoio a Portugal, caso houvesse necessidade, depois da questão Grega estar resolvida.
Eduardo Catroga lembrou que o plano de resgate - assinado entre Portugal e a troika do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia - prevê uma reavaliação trimestral e assenta em pressupostos que terão de ser reavaliados. Um pressuposto “fundamental”, frisou Catroga, apontava para um crescimento da economia europeia acima de 2%, sendo as estimativas actuais de quebra do crescimento na Europa de 0,5%.
“Um segundo pressuposto é que a troika deu como bom uma estimativa apresentada, pelo então Governo socialista de José Sócrates, que apontava para um défice público de 5,9% do produto interno bruto, em 2011, sem receitas extraordinárias, e o que se veio a verificar e que foi de 7,2%, sem receitas extraordinárias (...) o que não pode deixar de ter implicações nos objectivos para 2012 e 2012”, acrescentou.
“Há aqui pressupostos que precisam de ser reajustados e eu diria que é a troika que tem de fazer esse reajustamento. Portugal está a cumprir, está a fazer tudo aquilo a que se comprometeu. Qualquer reajustamento que venha ser feito, tem de ser feito por iniciativa da própria troika”, afirmou.
O ex-ministro participava na conferência Meet, Learn and Grow, dos antigos alunos do Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa.