Miguel Costa Nunes, in Negócios on-line
Todos concordam que a manifestação é “compreensível” e um direito dos trabalhadores. Mas advertem para a tendência de quebra no investimento.
Os empresários consideram "natural" e "compreensível" a manifestação social do descontentamento como a do sábado passado na Baixa de Lisboa, onde se reuniram 300 mil pessoas em Santa Apolónia, Cais do Sodré, Restauradores, Martim Moniz e Terreiro do Paço. Mas também aplaudem o facto de os protestos terem decorrido em ambiente pacífico, de forma orgânica, enquadrados na actividade sindical normal e levados à rua de um modo civilizado.
A oposição política também compreende, pela voz do líder do PS, ao afirmar que "é um direito". "Compreendo as razões para os portugueses expressarem a sua indignação perante tantas medidas de austeridade", disse António José Seguro.
"É de realçar a tranquilidade com que estas manifestações têm decorrido, o que é um factor muito positivo", disse por seu lado o empresário Jaime Antunes ao Diário Económico. Antes de considerar que esta tranquilidade e espírito cívico são também "muito importantes para a observação dos credores internacionais, porque assim percebem que as coisas se estão a passar de forma moderada e útil, embora saibamos que a situação não irá resolver-se amanhã", acrescentou o também economista para quem a situação em geral pode ainda agravar-se. "As empresas, neste momento, ou não têm crédito ou têm-no a juros muito elevados, portanto um crédito demasiado caro. E isso levará, necessariamente, à queda progressiva do investimento. Ora, sem investimento não há crescimento e o desemprego continuará a aumentar. Por isso, faço votos para que os protestos continuem a ocorrer com acções pacíficas e muito idênticas às do último sábado".