Por Marta Cerqueira, in iOnline
Os hábitos estão a mudar e o comércio na internet não pára de crescer. Em 2010, estavam registados mais de 800 sites de venda online em Portugal com os livros, discos e material informático a liderar as preferências nacionais. Sites de viagens, descontos colectivos ou roupa por encomenda são algumas das possibilidades do mercado online. Os cuidados com a forma de pagamento, esses, são comuns a todas as compras e essenciais para evitar surpresas desagradáveis.
As compras online já conquistaram os portugueses, mas são sobretudo estudantes, entre os 25 e os 34 anos, que mais recorrem à internet para encomendar bens ou serviços. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, relativos a 2011, um em cada dez portugueses já faz compras online, sendo a região de Lisboa, com 13,5%, aquela em que a prática é mais frequente, seguida do Algarve (11,6%) e Alentejo (10,9%).
Viagens de avião, bilhetes para concertos ou roupa e calçado podem ser adquiridas de forma cómoda e segura a partir dos sites das empresas, que na sua maioria, já apresentam a opção de venda pela internet.
Além dos cuidados a ter para não deixar os dados financeiros caírem em mãos alheias e na escolha de sites de confiança para fazer compras, as opções de pagamento também devem ser avaliadas. Apesar das formas seguras disponíveis para pagamentos online, em cada dez portugueses que procuram informação na internet sobre produtos de retalho, oito acabam por concretizar a compra numa loja. A conclusão é de um estudo encomendado pela Google Portugal à TNS infratest sobre comportamento de pesquisa, compra no retalho, contacto com a publicidade e utilização de motores de pesquisa. Os produtos electrónicos de consumo assumem o topo das preferências (com 12% dos entrevistados) entre as categorias de produtos mais adquiridos online após pesquisa online. Seguem--se os equipamentos de jardinagem (11%), enquanto que categorias de equipamentos desportivos, mobiliário e decoração e acessórios pessoais surgem a meio da tabela (9%), aparecendo, no fim, os equipamentos domésticos e roupas e acessórios (8%).
A insegurança dos portugueses na hora de fazer uma compra pela internet não desmotiva os especialistas, que prevêem um crescimento significativo, a nível individual e empresarial. A analista de mercado IDC – International Data Corporation – estima que o valor do comércio electrónico total em Portugal atinja em 2015 quase 20 mil milhões de euros, ou seja, um valor equivalente a 11,8% do PIB. O crescimento médio anual previsto entre 2010 e 2015 é de 8,9%.
Descontos colectivos. Sites seguros e cada vez mais variados
Grupon, Forretas, Odisseias, Goodlife e a lista não pára de crescer. Os sites de descontos colectivos são um sucesso em Portugal, onde estão mais presentes desde 2010.
Desde um jantar de sushi, a tratamentos de beleza ou a pacotes de aventura na neve, a oferta é muita e variada e as vantagens são para todos. No caso da Grupon, e da maioria dos sites do género, sobre o preço tabelado é feito, para o consumidor, um desconto igual ou superior a 50%.
Em casos específicos pode chegar aos 80%. Depois, sobre o preço publicado no site, a divisão é ao meio. Metade do valor vai para o parceiro, metade para o site de descontos. Para o parceiro a vantagem passa pela publicidade e pela rentabilização das ofertas. No caso do cliente a vantagem é conseguir ir jantar a sítios normalmente demasiado caros a um preço aceitável, ou dormir em hotéis a preços que normalmente só dariam para um parque de campismo.
Segundo uma análise da OMG Consulting, unidade de consultoria do Omnicom Media Group, o mercado dos descontos colectivos diários tem margem para crescer em Portugal. A evolução do mercado, segundo a OMG Consulting, fará com que as comissões recebidas pelos sites de descontos tendam a descer com o aumento do número de players, tornando a relação mais equilibrada com os comerciantes locais, segundo a lei da oferta e da procura.
Os descontos em produtos alimentares, de higiene pessoal ou do lar são alguns exemplos que terão tendência para crescer neste mercado como uma forma eficaz de poupança para muitas famílias, cujas condições sociais e económicas estão enfraquecidas pela crise.
Nos sites de descontos colectivos o pagamento pode ser feito por cartão de crédito, paypal ou mesmo através de referência multibanco. No caso de um número mínimo de pessoas se inscrever, a empresa cobra o valor no cartão e envia o link ao cliente. Se não for reunido o número mínimo de compradores, nenhum utilizador consegue o desconto e o valor não será cobrado. No site da Grupon garantem: “Em nenhum momento a informação do cartão de crédito é armazenada nos nossos servidores.”
Anúncios online. A loja virtual onde tudo está à venda
Em época de crise, não se nega um lucro extra. Os sites de anúncios grátis representam a plataforma ideal para conseguir livrar-se do que tem a mais em casa ou para comprar aquilo que precisa, sem pagar o valor original numa loja. Apesar de no site ser possível comprar e vender e anunciar automóveis, imóveis e até empregos, são os produtos ligados à electrónica que lideram o número de transacções.
Depois de publicar um anúncio é só esperar por respostas, normalmente enviadas por email. Ao mudar-se para uma casa sem mobília, Filipa Pereira viu--se obrigada a comprar alguns itens essenciais. Se a cama e o armário foram comprados numa loja, o sofá foi fruto de muita pesquisa em sites de anúncios online. “Como era uma peça a dividir pelas três residentes da casa, decidimos que precisávamos de um sofá grande, o que significa várias centenas de euros numa loja normal”, explicou ao i. Depois de uma pesquisa por sites como o OLX ou o Custojusto, conseguiu encontrar um de três lugares, em bom estado, por apenas 100 euros. “Foi tudo combinado por email. No dia marcado fomos buscá-lo a casa do vendedor e o pagamento feito cara a cara. Arriscámos porque sabíamos que podíamos desistir até ao último momento, mas acabámos por ficar satisfeitas com a compra”, salientou.
Além dos sites, que contam já com milhares de utilizadores em Portugal, a aposta recai também na publicidade em redes sociais. O Custo Justo e o OLX contam, cada um, com quase 80 mil fãs no Facebook.
Para evitar problemas de segurança, a Custo Justo reserva no site uma secção com dicas para o utilizador. Entre elas, alertam o cliente para não adiantar dinheiro a um vendedor desconhecido e para não enviar dinheiro para um país estrangeiro. Além disso, é importante desconfiar das ofertas “boas de mais para serem verdade”. No contacto online, deve proteger-se contra os ataques de phishing, uma forma de fraude electrónica com o objectivo de obter códigos de acesso e dados financeiros. Além da instalação de um bom antivírus é essencial estar atento aos emails com links desconhecidos.