5.2.12

Portugueses estão a "apertar o cinto" desde o início de 2011

in Dinheiro Vivo

Os portugueses estão a consumir menos desde o início do ano passado e é provável que continuem a "apertar o cinto" pelo menos até 2013, segundo estatísticas oficiais.

Segundo as contas nacionais do Instituto Nacional de Estatística (INE), o consumo privado caiu nos três primeiros trimestres do ano passado: o INE regista taxas de variação homóloga negativas de 2,3% no primeiro trimestre, 3,3% em cada um dos seguintes.

Ainda não estão disponíveis os números para o quarto trimestre, mas outros indicadores permitem antever que o consumo terá voltado a contrair-se no final do ano.

O índice de volume de negócios no comércio a retalho do INE, em território negativo durante todos os primeiros onze meses de 2011, chegou a outubro e novembro com quebras homólogas de 9,7 e 9,2 por cento, respetivamente.

Estas descidas são ainda mais significativas olhando apenas para o comércio de bens duradouros. No caso dos automóveis ligeiros, e segundo dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), as vendas registaram quebras de 31,3% em 2011 por comparação com o ano anterior.

Já este ano, em janeiro, a quebra nas vendas chegou aos 47,4% face ao mesmo mês do ano passado, tendo sido comercializados 6.949 veículos, segundo a ACAP.

Até nas operações com cartões multibanco (levantamentos de dinheiro, pagamento de transações) se registou um declínio nos últimos quatro meses do ano passado, segundo números da SIBS.

Todos estes dados apontam para uma continuação da tendência de descida do consumo no final do ano passado. De resto, é isso que preveem o Governo e o Banco de Portugal (BdP), e o "apertar do cinto" deverá prolongar-se por 2012 e 2013. Segundo as previsões mais recentes do BdP, o consumo privado vai encolher 6% este ano e 1,8% no próximo.

O indicador coincidente do consumo privado do BdP - que agrega informação qualitativa e quantitativa para medir a tendência da evolução do consumo - passou todo o ano de 2011 em território negativo. O indicador foi-se degradando sucessivamente em todos os meses do ano passado, estabelecendo um novo mínimo histórico em dezembro.

Essa redução é compreensível, perante o aumento do desemprego (que segundo o Eurostat atingiu uma taxa de 12,6% em dezembro do ano passado, um máximo histórico) e a introdução de novas medidas de austeridade como o cortes de subsídios a funcionários públicos e pensionistas ou o aumento dos impostos indiretos.

Perante este cenário, os consumidores estão mais pessimistas que nunca.

Nos inquéritos de conjuntura do INE, o indicador de confiança dos consumidores tem vindo a bater sucessivos recordes negativos, alcançando um novo mínimo histórico em dezembro.

Este pessimismo sem precedentes repete-se em dois componentes do indicador: desde que o INE faz estes inquéritos, dezembro foi o mês em que os consumidores se mostraram mais negativos relativamente a situação financeira das suas famílias e à situação económica geral do país.

Desemprego em máximo histórico - 12,6% em Dezembro - é um dos indicadores que contribuem para o pessimismo e falta de confiança das famílias.