7.2.12

Teleassistência vai ajudar mais mil idosos isolados

Por Rita Araújo, in Público on-line

À primeira vista parece um telefone como outro qualquer. Mas tem uma particularidade: um “botão de pânico”, incorporado no aparelho e num pendente que pode ser colocado ao pescoço. Resultado de uma parceria entre a Portugal Telecom (PT) e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP), mil novos telefones vão ser distribuídos por idosos que vivam isolados ou sem acompanhamento.

A sinalização dos idosos é feita pela UMP, através dos serviços locais, que determina como prioritárias para o serviço de teleassistência as pessoas mais idosas, mais isoladas e mais desprotegidas em termos de rede de cuidados. Uma das responsáveis pelo serviço de apoio domiciliário da Misericórdia da Amadora, Alexandra Andrade, refere que um dos problemas neste concelho – que é “muito envelhecido” – é o facto de a rede de vizinhança ser também ela envelhecida. “Os vizinhos acabam por também ser idosos, não podem ajudar”, diz a assistente.

F., 93 anos, vive na Amadora com a filha, M., 68 anos. F. é doente e já esteve acamada. “Na semana passada caiu, estava sozinha”, diz a filha. A PT fez a instalação do telefone hoje e M. aprendeu a trabalhar com o aparelho. “Este aparelho faz-me imensa falta”, conta. A mãe ficou com o pendente, que tem como prioritários os contactos de dois familiares. “Eu tenho de sair, de ir às compras, assim para mim e para ela foi uma boa ideia”, afirma a filha.

G. partilha da mesma opinião: “Foi uma boa ideia”. Vive em Gaia com o marido, que está acamado e sofre de Alzheimer. Duas funcionárias da Santa Casa dão apoio diário na higiene pessoal de J., mas, para além dessas visitas, estão sozinhos. “Tenho família, mas estão longe, aqui só somos os dois”, diz G.

O telefone foi instalado na sexta-feira e ensinaram-na logo a trabalhar com ele: “É fácil, tem uma tecla vermelha”. Devido à condição do marido, G. nunca sai de casa. Quanto aos vizinhos, diz que “ainda são todos de mais idade e doentes”, pelo que o telefone será uma segurança.

O funcionamento do telefone é simples: em situação de urgência, pressiona-se o “botão de pânico”, que acciona uma chamada para um call centre com serviço de assistência a idosos, disponível durante todo o dia. Dependendo do carácter da situação, os técnicos chamam o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) ou os cuidadores, caso existam.

A instalação dos telefones, que são vendidos pela PT há cerca de um ano, começou a ser feita na semana passada de forma gratuita aos mil idosos referenciados pela UMP. Nesta campanha é oferecida a mensalidade do serviço de teleassistência durante o período de um ano, no fim do qual será feita uma “reavaliação” de cada caso, refere a operadora.