in Jornal de Notícias
O investidor milionário americano Geoge Soros afirmou, este sábado, que a falta de crescimento económico e as tensões políticas se arriscam a destruir a União Europeia, mesmo que a Grécia receba o segundo resgate e evite a bancarrota.
"Agora, a UE, e em particular os países muito endividados, enfrentam uma década perdida. Pode até ser mais do que uma década, porque o Japão, que teve uma situação semelhante, com o fim da bolha imobiliária e uma crise bancária, tem, até agora, 25 anos sem crescimento", disse Soros, numa entrevista ao canal de televisão CNN.
"Isso vai criar tensões dentro da UE, que podem destruir a UE. E isso é um verdadeiro perigo", acrescentou o investidor, na entrevista, que a CNN transmitirá no domingo.
Soros manifestou-se também pessimista quanto à receita de austeridade, com despedimentos na função pública e a redução de salários e de pensões, que o parlamento grego se prepara para votar, no domingo.
"Não vai necessariamente funcionar, no longo prazo. Mas vai com certeza comprar mais seis meses de paz na frente grega", afirmou.
"A Grécia é uma doença que não foi bem tratada pelas autoridades europeias e vai continuar a ser um aborrecimento e um problema para a Europa", acrescentou Soros.
As medidas de austeridade são a condição exigida a Atenas para receber o segundo resgate, de 130 mil milhões de euros, que o país precisa para evitar a bancarrota, já que a 20 de Março a Grécia tem de pagar aos credores de dívida pública 14,5 mil milhões de euros.
Para o investidor, a adesão à UE deixou de ser um desejo dos países para se tornar numa imposição, disse ainda George Soros, que revelou um maior optimismo face à economia americana.
Para o investidor, os Estados Unidos estão a dar sinais de reanimação económica, devido, em parte, à comercialização de novas reservas energéticas e a anos de reduzido crescimento dos salários reais, que baixou os custos de produção nas fábricas.
"O presidente Barack Obama fez um trabalho aceitável (...). Os problemas que herdou, porque assumiu o poder logo depois da crise financeira, eram maiores do que algum presidente poderia remediar de imediato", considerou.