Lucília Tiago, in Dinheiro Vivo
O número de famílias que ficam sem capacidade para pagar os empréstimos não para de aumentar. Em maio, o Gabinete de Apoio ao Sobreendividado, da Deco abriu 473 novos processos, cerca de 15 por dia.
O desemprego e a deterioração das condições do trabalho – por cortes salariais, salários em atraso e redução do pagamento de horas extraordinárias – são responsáveis por quase 60% dos casos de sobreendividamento, segundo revelam os dados da Deco.
Desde o início do ano, esta associação de defesa do consumidor já abriu 2281 processos, o que traduz uma subida de 22,4% por comparação com os registados em 2011. Esta é, de resto a a primeira vez, em que a Deco vê este número furar a barreira dos 2 mil nos primeiros cinco meses de um ano.
Para aqueles 2281 casos, o mês de maio “contribuiu” com 473, mais 70 do que o total observado em maio de 2011 e mais 40 do que em abril.
A previsão da continuada subida do desemprego e o peso do desemprego estrutural levam Natália Nunes, responsável do GAS, a antever que se vão acentuar os casos de sobreendividamento ao longo deste e do próximo ano.
As propostas para travar os casos de incumprimento no crédito à habitação que vão ser debatidas na Assembleia da republica na próxima sexta-feira vão, na opinião de Natália Nunes, no bom sentido, ainda que esta especialista alerte para o perigo de as soluções se centrarem excessivamente no crédito da casa, esquecendo todos os outros.
O número médio de créditos por família tem-se mantido estável em torno dos 5,2, sendo que a maioria das famílias que recorre à Deco está já em incumprimento em todos eles – incluindo o da casa.