20.2.12

Desemprego: este país adora "quick fixes"

Camilo Lourenço, in Negócios on-line

O desemprego subiu para os 14% (35% nos jovens). Nada que surpreenda: com o PIB em queda, acelerado pelo programa de ajustamento, e a crónica incapacidade da economia para criar empregos, o desemprego só tem um destino: upa, upa.

No meio disto como reage a classe política? Com a estupidez habitual: "a culpa é tua"; "não, é tua"; "eu bem avisei"... Esquecendo-se que o problema do desemprego é antigo (sobe há dez anos) e que só não acordámos para ele mais cedo por causa dos "quick fixes": mudanças na forma de contabilizar o desemprego; criação de programas para tirar, temporariamente, desempregados das listas; atribuição de incentivos ("programas de formação") às empresas para não despedir…

A falta de profundidade do debate é confrangedora: não se analisa a relação entre baixa escolaridade e desemprego (também entre os jovens); não se analisa a relação entre desempregados e "canudos" na área das Humanidades; não se pergunta se o IEFP identifica as necessidades das empresas, por região, criando cursos específicos para lhes responder … E como se isto não bastasse, o Governo alinha no desnorte, criando uma "comissão" para analisar o problema.

Pelo meio nenhum político questionou coisas preocupantes: o salário mínimo atrapalha mais do que ajuda? O facto de o salário mínimo estar próximo do subsídio de desemprego quer dizer algo? Por que há cada vez mais portugueses cujo salário médio está próximo do salário mínimo? A ausência de investimento das empresas (aquilo que cria emprego!) não tem nada a ver com o aumento vertiginoso da carga fiscal nos últimos dez anos? E os salários, estão em linha com a produtividade?