in Dinheiro Vivo
A crise económica está a alterar as opções de consumo dos portugueses, mas não impede as famílias de continuar os hábitos de reciclagem do lixo doméstico já assimilados, concluiu um estudo hoje divulgado.
De acordo os resultados do trabalho "Hábitos e Atitudes face à separação de resíduos domésticos 2011", desenvolvido pela Intercampus para a Sociedade Ponto Verde (SPV), "se por um lado há uma intensificação dos hábitos de reciclagem e da opção por produtos mais ecológicos, ao nível do consumo dos restantes bens a redução é generalizada".
Para quase metade (48 %) dos 1075 inquiridos em todo o país, a crise económica já teve impacto a nível dos hábitos alimentares, tanto para o consumo em casa (92%), como o que se consome diretamente fora do lar (97%).
Os portugueses que responderam ao estudo não preveem qualquer alteração das atitudes na reciclagem das embalagens como consequência direta da recessão económica, sendo a percentagem em todos os segmentos superior a 85%.
Em 69% dos lares é predominante a prática de separação de lixo ou de embalagens usadas e, entre os inquiridos, 47% é separador total, ou seja, separa todos os tipos de embalagens usadas que é possível, enquanto 22% separa apenas parte do lixo.
A inexistência de qualquer prática de separação de lixo verifica-se em 31% dos casos.
"Este é o valor mais elevado de sempre desde que o estudo começou a ser realizado em 2006, com as famílias a demonstrarem tendência para fazer a separação total", referiu o diretor-geral da SPV, Luís Veiga Martins, citado num comunicado divulgado com os resultados do estudo.
Os portugueses "estão cada vez mais sensibilizados para a importância da reciclagem, aproximando-se dos valores de separação observado nos países do centro da Europa", salientou Luís Veiga Martins.
O Alentejo lidera a separação do lixo, com 77% das famílias, mas em todas as regiões do país situa-se acima de 63%.
Para quem nunca realizou separação doméstica de lixo, a falta de recipientes próprios para o efeito (56%) e a noção do excessivo trabalho implicado (45%) são os argumentos mais referidos para justificar a opção.
O estudo dá conta de que é junto das famílias de estrato sócio-económico mais elevado que se observa uma maior sistematização da prática de separação doméstica de lixo.
As garrafas, frascos e boiões de vidro são os resíduos mais separados (90%), seguindo-se as garrafas de plástico e as caixas de cartão (78%) e os jornais e revistas (74%).
Os resíduos menos separados são as bases de esferovite para alimentos e as embalagens de aerossóis, as embalagens usadas de espuma de barbear e de desodorizante (23%).
Nos restantes hábitos ambientais, o estudo refere uma maior racionalização no consumo na água e, sobretudo, na energia elétrica.
Apenas 26% de famílias pensam manter constantes as quantidades de consumo, no caso da eletricidade, e 32% no da água.
A crise económica está a alterar as opções de consumo dos portugueses, mas não impede as famílias de continuar os hábitos de reciclagem.