por João Madeira, in Sol
O retrato do desemprego é desanimardor. A taxa de desemprego bateu um novo recorde, de 14%, e foram contabilizados 771 mil desempregados, segundo as estatísticas de emprego do último trimestre do ano passado do Instituto Nacional de Estatística (INE), ontem divulgadas. Isto significa que, pela primeira vez em Portugal, o número de pessoas sem trabalho ultrapassou a fasquia de um milhão.
De acordo com os dados do INE, existiam no último trimestre 286 mil inactivos disponíveis e desencorajados: estão sem emprego, mas não fizeram diligências para encontrar um novo posto de trabalho. Se entrassem nas estatísticas, a taxa de desemprego estaria em 19,2%.
Os resultados do inquérito ao emprego em Portugal seguem conceitos sistematizados a nível internacional, nomeadamente pela Organização Internacional do Trabalho. Mas há zonas de fronteira que podem ser difíceis de determinar. Desempregado é um indivíduo sem trabalho, disponível para trabalhar, e que tenha procurado um trabalho – tenha feito diligências para encontrar emprego, como contactar centros de emprego ou responder a anúncios, por exemplo.
A par deste conceito existem outros que estão muito próximos. Os inactivos disponíveis são pessoas que, apesar de estarem sem emprego e disponíveis para trabalhar, não fizeram diligências nesse sentido, no período de referência abrangido pelos inquéritos do INE. No último trimestre do ano, havia 203 mil nesta situação, um aumento de 20% desde o início do ano.
E há ainda os inactivos desencorajados. Não têm trabalho, mas não o procuram porque acham que não têm idade ou instrução apropriada, não sabem como procurar ou que não vale a pena porque não há empregos disponíveis. Havia 83 mil pessoas nesta categoria, um aumento de 37% face ao primeiro trimestre.
O aumento de todos estes grupos de trabalhadores sem emprego é o resultado da deterioração do mercado laboral. De acordo com os dados do INE, os 771 mil desempregados representam um aumento de 81,4 mil pessoas face ao trimestre anterior, quando a taxa de desemprego estava em 12,4%. Metade dos desempregados (405 mil) já é de longa duração, estando há mais de um ano à procura de emprego. E 249 mil estão à procura há mais de dois anos.