por Sara Ribeiro, in Sol
Em entrevista ao SOL, José Baptista, presidente da Associação Portuguesa de Gemologia (APG) alerta que a joalharia portuguesa está numa situação de 'decadência'. Caso o sector tivesse mais apoios poderia criar milhares de postos de trabalho e gerar milhões de euros para o Estado.
A procura por diamantes tem aumentado. Esta tendência já se começa a verificar por cá?
Já há vários anos. O que se passa em Portugal, e no Mundo, é que há marcas e pessoas que investem numa jóia pela assinatura que tem, embora a maioria das marcas que está em Portugal não tenha qualquer mais-valia. O que é importante é informar os portugueses desse facto. É preciso que saibam ver a qualidade de uma gema.
Os casos de falsificação têm aumentado?
Têm acontecido mais na Europa sim, principalmente, no que diz respeito às falsificações de marcas conhecidas, como Cartier ou Van Cleef. A imitação de jóias antigas, infelizmente, também ainda acontece muito.
Como é que os portugueses podem evitar ser enganados?
Há dois tipos de clientes. Por um lado, existem os que têm uma longa experiência, que já vem de família, e têm um grande à vontade na aquisição de uma jóia não só pelo sentido da beleza, mas por uma questão de investimento. Ou seja, são pessoas que compram com critério e têm a filosofia de que uma jóia é luxo. Depois há os que compram sem critério, o que levou ao surgimento de um novo mercado em Portugal, e um pouco por toda a Europa, em que as jóias não têm qualquer valor de arte e qualidade. E, além disso, os intervenientes (os que vendem e compram) não têm conhecimento, nem estão qualificados para terem lojas abertas para venderem com o critério que o sector merece.
Está a referir-se a que lojas?
Prefiro não falar em nomes de marcas.
E como se explica o facto de algumas ourivesarias estarem a fechar, ao mesmo tempo que insígnias internacionais, como a Swarovski estão a abrir um largo número de lojas?
Estamos a assistir a uma decadência do sector e há lojas que estão a fechar porque vendem lixo. As que não fecham, vendem menos e estão numa situação de desinformação. Quanto ao caso da Swarovski prefiro nem comentar essa situação. As peças são bem desenhados sim, mas nem de cristal são… são vidro!
Como é que o sector pode dar ‘a volta’?
O sector da joalharia poderia permitir criar milhares de empregos e gerar milhões de euros para o Estado. Podíamos ter o Mundo a visitar as nossas principais cidades para ver as nossas jóias se tivessemos mais apoios. Portugal tem excelentes escolas e profissionais, que estão a desaparecer, porque alguns industriais deste país, a partir da década de 70, baixaram os rácios e, com a ganância do dinheiro, começaram só a importar.