Por Pedro Rainho, in iOnline
Projecto da ONG Forever Kids quer contribuir para o emprego jovem e para o fim do isolamento dos idosos com o mesmo projecto
Luís Figueiredo acredita que pode resolver dois problemas de uma só vez: “De um lado temos 400 mil jovens em Portugal que não conseguem encontrar emprego; de outro está uma população idosa em muitos casos isolada do mundo.” O fundador da organização não governamental Forever Kids está a lutar por lançar o projecto Eu Partilho, que pretende ajudar a empregar os primeiros e prestar um serviço social aos segundos em todo o país. E para isso só precisa de donativos para conseguir carrinhas para transportar idosos em situação de isolamento e dar emprego a jovens.
A ideia nasceu no Haiti, quando Luís Figueiredo se deslocou àquele país para entregar 60 toneladas em donativos, depois do sismo que fez mais de 200 mil mortos e causou estragos superiores a 120% do PIB do país. O cenário levou Luís Figueiredo a agir também no seu país, porque “quis garantir que em Portugal não se chegaria àquele ponto”.
partilha A ideia do projecto que o responsável descreveu ao i é a de que cada idoso adira a esta forma de transporte social solidário, com o pagamento de 25 euros mensais, a que acrescem 20 cêntimos por quilómetro percorrido nas deslocações que cada pessoa precise de fazer, quer seja ao supermercado, quer seja ao médico ou mesmo para visitar alguém.
O serviço funcionará quase como um táxi e pretende aliar a mobilidade à companhia, porque a ONG vai designar para cada idoso um “anjo-da-guarda social”, responsável pelo apoio nas deslocações realizadas. Mesmo que não haja viagens previstas, estes “anjos” farão visitas regulares aos idosos, minorando os casos de solidão. “Na gestão das reformas precárias há um custo com mobilidade e, feitas as contas, o sacrifício para aderir ao serviço faz com que o idoso fique em vantagem, porque à mobilidade junta-se uma companhia em permanência”, defende Luís Figueiredo. O arranque do serviço está apenas dependente das pré-inscrições, feitas nas juntas de freguesia, para que a organização ponha os novos funcionários nas ruas. “A ideia é que sejam pessoas com uma ligação à acção social”, explica Luís Figueiredo, porque “temos milhares de jovens licenciados na área que não conseguem colocação. Cada funcionário irá receber um salário de 700 euros, que mais tarde poderá ser actualizado, conta Luís Figueiredo.
Os primeiros “anjos-da-guarda” já estão identificados, estando previsto o arranque inaugural no distrito de Viseu para a fase-piloto do projecto. A melhor forma de o apoiar é com donativos pelo sistema PayPal. Para que vá para o terreno, Luís Figueiredo está apenas “à espera de uma manifestação social de apoio à causa”. O controlo orçamental do projecto deverá ser feito pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, em nome da “total transparência”. O Eu Partilho contou já com a colaboração do seleccionador nacional Paulo Bento, dos Homens da Luta e da dupla de humoristas João Paulo Henriques e Pedro Alves. Serão também eles a entregar as primeiras carrinhas ao projecto.