Por Ana Rita Faria, in Público on-line
Com uma zona euro sob “riscos sérios” e sem ameaça de inflação, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, garantiu hoje que continuará a fornecer liquidez aos bancos. Declarações que deixam a porta aberta a novas medidas, como um corte das taxas de juro, apesar de o BCE continuar a pôr o ónus nos Governos.
“Há riscos sérios” na zona euro, afirmou hoje Mario Draghi, na conferência anual ECB Watchers em Frankfurt, que reúne economistas e especialistas dos bancos centrais. “O risco tem sobretudo a ver com a elevada incerteza”, acrescentou, salientando que não há um risco de inflação em nenhum país da zona euro.
Os comentários de Mario Draghi surgem na sequência de declarações de outros membros do banco central que deixaram a porta aberta a um novo corte das taxas de juro. Na semana passada, o conselho de governadores do BCE decidiu deixar inalterada a sua taxa de juro de referência no mínimo histórico de 1%. Mas, com a crise do euro a intensificar-se, há cada vez mais analistas a apostar numa nova descida do preço do dinheiro.
Além disso, Mario Draghi disse que o BCE se mantém pronto a fornecer mais liquidez aos bancos solventes, relembrando que as duas operações de cedência de liquidez a três anos (em Dezembro e em Fevereiro) evitaram uma crise do crédito.
No entanto, o presidente do BCE manteve o ónus nos Governos, dizendo que são estes têm de agir em vez de esperar pela actuação da autoridade monetária. “As escolhas políticas tornaram-se agora mais importantes do que os instrumentos de política monetária que possamos usar num futuro próximo”, afirmou hoje Mario Draghi.
“A estabilidade dos preços continua a ser a pedra angular da união”, disse o presidente do BCE, salientando, contudo, que, no âmbito do objectivo de preservar uma maior estabilidade económica, “precisamos de pilares reforçados nos domínios financeiro, orçamental e de política estrutural”.