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"O desenvolvimento não pode ser considerado sustentável enquanto persistir esta situação em que cerca de um ser humano entre sete homens, mulhers e crianças é tratado com negligência, vítima de sub-alimentação".
O desenvolvimento apenas poderá ser sustentável se a fome e a desnutrição forem erradicadas, indicou a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) num documento estratégico preparado para a Cimeira Rio+20 que decorrerá em junho no Rio de Janeiro, no Brasil.
"O desenvolvimento não pode ser considerado sustentável enquanto persistir esta situação em que cerca de um ser humano entre sete homens, mulhers e crianças é tratado com negligência, vítima de sub-alimentação", disse o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.
"A busca de segurança alimentar pode ser o fio condutor entre os diversos desafios a que estamos confrontados e contribuir para construir um futuro sustentável. A Cimeira do Rio oferece-nos uma oportunidade única de analisar a convergência entre os programas de segurança alimentar e de sustentabilidade para garantir a realização destes objetivos", acrescentou o diplomata brasileiro num relatório.
Segundo o relatório, um dos grandes problemas dos sistemas alimentares é que apesar dos progressos significativos alcançados no desenvolvimento e na produção alimentares, centenas de milhões de pessoas estão esfomeadas, pois não possuem meios de produzir ou de comprar a comida que lhes permitiria ter uma vida sã e produtiva.
O relatório "Rumo ao futuro que queremos: Acabar com a fome e iniciar a transição para sistemas agro-alimentares sustentáveis durables", exorta os Governos a estabelecerem direitos sobre os recursos e a salvaguardá-los, nomeadamente para os pobres; e a integrarem medidas de incitação ao consumo e à produção duradouras nos sistemas alimentares.
Insta ainda os Governos a promoverem o bom funcionamento e a igualdade dos mercados agrícolas e alimentares; a reduzirem os riscos e a aumentarem a resilência dos mais vulneráveis; e a investirem recursos públicos nos bens públicos essenciais, nomeadamente na inovação e nas infraestruturas.
O relatório sublinha que a redução da fome e o desenvolvimento sustentável estão ligados inelutavelmente e que uma melhor governação dos sistemas agrícolas e alimentares é capital para atingir estes dois objetivos.
Os sistemas agrícolas e alimentares estão entre os principais utilizadores de recursos.
Os sistemas alimentares consomem 30 porcento da energia mundial.
A agricultura e a pecuária são responsáveis por 70 porcento de todos os usos de água no mundo.
Três quartos dos pobres e famintos do planeta vivem nas zonas rurais e a maioria deles depende da agricultura e das atividades conexas para viver.
Quarenta porcento das terras destruídas do planeta encontram-se nas zonas com taxas elevadas de pobreza.
"A fome ativa um círculo vicioso de baixa de produtividade, de pobreza crescente, de abrandamento do desenvolvimento e de degradação dos recursos", afirma o relatório.
O acesso aos recursos naturais - terras, águas ou florestas - é essencial para os 2,5 biliões de pessoas que produzem alimento para o seu próprio consumo e para busca de rendimentos. As informações são da Panapress.