6.6.12

Quatro em cinco portugueses prefere ficar na Zona Euro

in Diário de Notícias



Segundo sondagem da Universidade Católica, maioria dos portugueses rejeita o cenário de abandono da moeda única.

Apenas 20% dos inquiridos no âmbito do Barómetro CESOP e Universidade Católica concorda que a saída da Zona Euro seria a melhor solução, mas 72% diz preferir a permanência na moeda única. Ou seja, mais de 90% tem uma opinião formada, e apenas 6% "não sabe" e 2% "não responde". Independentemente do facto de quatro em cada cinco preferir ficar com o euro e não com o escudo, a verdade é que 35% dos inquiridos acham bastante provável que o país peça nova ajuda à troika e 24% consideram muito provável esse cenário. No entanto, o pessimismo tem limites, uma vez que 21% consideram "nada provável" que Portugal se venha a tornar numa nova Grécia e 37% acham "pouco provável". Do outro lado da "barricada", somam-se 21% que vaticinam como sendo "bastante provável" e 13% "muito provável" (9% não sabe ou não responde).

"Essa percentagem [72% preferem ficar no euro] é muito parecida com a atribuída na Grécia a pessoas que querem permanecer na moeda única. Por outro lado, a nova ajuda parece bastante provável de acordo com os jornais nacionais e internacionais, apesar de a última avaliação da troika ter sido positiva. O Financial Times de ontem lembrava que as taxas de juro das obrigações portuguesas a 10 anos estão acima dos 10% desde há um ano", afirma Pedro Lains, economista e historiador.

"As pessoas estão a ser mais sensatas do que a maior parte dos comentadores que levantam os cenários mais catastróficos. Não me parece também que Portugal chegue à situação da Grécia. O facto de a maioria não querer sair do euro mostra um tremendo bom senso", considera João César das Neves, economista e professor universitário.

Para Pedro Cosme Costa Vieira, professor da Faculdade de Economia do Porto, é natural que quatro em cada cinco das pessoas prefiram a manutenção no euro. "Anunciando os especialistas que o processo de transição vai ser caótico, as pessoas preferem a manutenção do que conhecem", diz. Em termos de evolução da governabilidade do país, haver esta larga maioria favorável à manutenção do euro é importante porque traduz que as pessoas estão disponíveis para fazer os duros sacrifícios necessários à nossa manutenção na Zona Euro, "nomeadamente, a redução dos salários e das pensões que se avizinham com a consequente quebra do nível de vida a que estivemos habituados nestes últimos 15 anos de endividamento".

Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa (CESOP) para a Antena 1, a RTP, o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias nos dias 26, 27 e 28 de Maio de 2012. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes em Portugal Continental. Foram seleccionadas aleatoriamente dezanove freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões NUT II (2001) e por freguesias com mais e menos de 3200 recenseados. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até os resultados eleitorais das eleições legislativas de 2009 e 2011 nesse conjunto de freguesias, ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma, estivessem a menos de 1% do resultados nacionais dos cinco maiores partidos. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 1366 inquéritos válidos, sendo que 58% dos inquiridos eram do sexo feminino, 33% da região Norte, 21% do Centro, 33% de Lisboa e Vale do Tejo, 6% do Alentejo e 6% do Algarve. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no Continente por sexo, escalões etários, região e habitat na base dos dados do recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 49,1%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1366 inquiridos é de 2,7%, com um nível de confiança de 95%.