8.7.20

Teletrabalho significa “boas oportunidades para o país e para as pessoas”

Francisco de Almeida Fernandes, in Expresso

Projetos Expresso. Quem o diz é Carmo Palma, da Axians, que sublinha as mais-valias do trabalho remoto para as empresas, colaboradores e até para o ambiente. Este será um dos temas centrais no debate “O Futuro das Qualificações Digitais”, a que pode assistir, em direto, no Facebook do Expresso a partir das 10h da próxima terça-feira, dia 07, numa parceria entre o semanário e a APDC

O admirável mundo novo do teletrabalho veio para ficar, ainda que o modelo de emergência trazido pela pandemia da covid-19 possa não ser o ideal. Nos últimos quatro meses, milhares de empresas nacionais viram-se obrigadas a adaptar o negócio e a transferir a sua força laboral para casa, uma opção que desenterrou novos desafios e forçou uma ginástica criativa para os ultrapassar. “Coisas que as empresas consideravam desafios foram ultrapassados em tempo recorde”, reconhece Carmo Palma, diretora-executiva da consultora Axians.

Obstáculos, exemplos de sucesso e perspectivas para o conceito de trabalho estarão no centro do debate “O Futuro das Qualificações Digitais”, que será transmitido em direto no Facebook do Expresso esta terça-feira, 7, às 10h, numa parceria entre o semanário e a APDC, com o apoio da Microsoft. O painel, moderado pelo Diretor Adjunto do Expresso David Dinis, contará com a presença de Carmo Palma (Axians), João Santos (Comissão Europeia), Paula Panarra (Microsoft Portugal), Pedro Dominguinhos (CCISP) e Rogério Carapuça (APDC).

Entre as principais dificuldades com que se depararam os gestores estão os níveis de produtividade, a garantia de segurança no acesso remoto aos dados e sistemas internos, mas também algo crucial: a dinâmica social entre colegas, que potencia a criatividade e a resolução de problemas. Pedro Dominguinhos, presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), está confiante de que a crise pandémica permitiu mostrar à sociedade, organizações e trabalhadores ser possível “fazer muitas coisas em pouco tempo que diríamos que não o eram”. Por outro lado, explica, deixou a nu a importância de garantir a estruturação organizacional, do ponto de vista dos recursos, para dar resposta ao teletrabalho.

Mas não foram apenas os privados a perceber que, afinal, ter trabalhadores em casa não é impossível. Em maio, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública revelou que o modelo “veio para ficar no Estado”, que à data tinha cerca de 68 mil funcionários públicos a desempenhar funções a partir de casa. Dito e feito: em junho, a propósito do Programa de Estabilização Económica e Social (PEES) desenhado para combater os efeitos da covidC-19 na economia, o Governo anunciou a intenção de colocar 25% dos colaboradores em regime de teletrabalho até ao final da legislatura, em 2023.

Um futuro mais verde e inclusivo

Transportes públicos cheios e engarrafamentos nas estradas poderão vir a ser, a médio prazo, imagens do passado. A resposta aos desafios da sustentabilidade parece estar na adoção de um modelo de trabalho híbrido, que permita uma conjugação entre o escritório e a casa de cada um, o café, o jardim ou até outro país. “Acredito que veio para ficar um modelo híbrido com mais flexibilidade e mobilidade dos colaboradores”, defende Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal. Carmo Palma concorda e partilha as mesmas reservas relativamente a um regime integralmente remoto, como “a criatividade, as sessões de brainstorming e as conversas não planeadas”, que originam, muitas vezes, novas ideias.

Contudo, a evolução tecnológica das ferramentas digitais – hoje mais colaborativas e interativas – abre um imenso leque de oportunidades e reduz, em parte, algumas das barreiras apontadas. A pensar no futuro, a Axians está a repensar um dos novos escritórios apostando na “diminuição dos postos de trabalho individuais e no aumento dos postos de criatividade e espaço colaborativo”. Além da redução de deslocações e da sobrecarga dos transportes públicos que beneficiam o ambiente e a sociedade, também as empresas ganham em eficiência energética e melhores índices de satisfação dos colaboradores. Existem, claro, desafios no que diz respeito à “organização do trabalho, gestão de equipas e liderança”, sublinha Pedro Dominguinhos. O responsável pelo CCISP garante, no entanto, que foi dado um passo irreversível e que “haverá uma exigência muito grande dos trabalhadores para que esse modelo exista”.

A pensar nas vantagens económicas, ambientais e sociais, o Governo anunciou, no PEES, a criação de incentivos para que as empresas criem postos de teletrabalho no interior do país, combatendo a desertificação e aumentando o emprego em zonas remotas de Portugal. O caminho rumo ao futuro foi iniciado e está, para Carmo Palma, cheio de “oportunidades boas para o país e para as pessoas. Acho que é muito positivo”, remata.