in Público on-line
A Cruz Vermelha Portuguesa comemora neste domingo 147 anos, mas como “a ocasião não é para ostentações”, o programa deste ano é “modesto” e com as atenções viradas para o envelhecimento activo, tema do Ano Europeu 2012.
Para hoje está prevista uma visita à exposição que guarda objectos e momentos do passado da instituição. “Numa altura em que temos tantas interrogações sobre o futuro, é capaz de ser muito positivo recordar o passado e perceber até que ponto o passado nos pode trazer algum esclarecimento sobre a evolução futura”, disse Luís Barbosa, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP).
Em matéria de desafios a curto prazo, o presidente da CVP apontou que, internacionalmente, a Cruz Vermelha tem “uma batalha permanente” tanto ao nível da pobreza como das catástrofes. Já a nível nacional, considerou que as atenções estão viradas para a sustentabilidade do actual modelo social. “Situações que nós nos habituámos a ver nas últimas décadas resolvidas pelo Estado e pelos recursos que o Estado dispunha, neste momento há uma redefinição desse modelo social que nesta altura não está claro”, defendeu.
Uma situação que, na opinião de Luís Barbosa, vai obrigar a que o apoio humanitário seja maior. “Se as pessoas no passado contavam com esse apoio do Estado e ele surgia sempre que necessário ou com a frequência necessária para não criar situações dramáticas, neste momento as dívidas subsistem e por isso o apoio humanitário não pode diminuir”, apontou.
No que diz respeito às medidas anunciadas pelo Governo de aumento do número de vagas tanto em creches como em lares de idosos, Luís Barbosa alertou “que não se pode ir além de certos limites”. “A partir daí também se perde a qualidade e entra-se numa atitude que é desumana ou até de uma certa violência para com as pessoas, sejam idosos ou crianças”, defendeu.
Um dos projectos de apoio aos mais idosos da CVP é a teleassistência, onde cerca de 80% dos utilizadores são pessoas idosas que muitas vezes utilizam a linha telefónica da CVP para combater a solidão. De acordo com informação da CVP, o serviço “tem vindo a crescer, verificando-se uma grande adesão por parte da terceira idade. Mais do que a saúde e a segurança do utente é a solidão que constitui o principal motivo para a subscrição do serviço”.
Disponível desde 2008, o serviço de teleassistência recebe cerca de 10.000 chamadas telefónicas por ano, permitindo acompanhar regularmente a vida de muitos idosos, monitorizando o seu estado de saúde, segurança e solidão.
Outro exemplo de apoio aos que mais precisam de ajuda é o projecto “Pronto a Comer -- Pronto a Ajudar”, que vai permitir oferecer refeições a 15 famílias carenciadas do concelho de Tavira, com a colaboração de cinco restaurantes da cidade. A iniciativa surge porque com a crise económica e a alta taxa de desemprego que se verifica no Algarve, a Cruz Vermelha de Tavira tem assistido a “um aumento de mais de 100% nos pedidos de ajuda por parte da população e assiste já cerca de 500 famílias carenciadas com distribuição de alimentos e entre 30 a 40 pessoas, diariamente, no refeitório social”, segundo um responsável local.
No âmbito do aniversário, a CVP promove também um seminário subordinado ao tema “A Cruz Vermelha Portuguesa e a Saúde no primeiro quartel do século XX”.