9.2.12

Risco de pobreza aumenta, preços dos alimentos mais altos

António Henriques, in PTjornal

O risco de pobreza aumentou em Portugal, seguindo a mesma tendência do preço dos alimentos. Segundo dados do Eurostat, um quarto dos portugueses estão perto de passar à classe pobre, ou em risco de exclusão social. Uma em cada quatro crianças portuguesas já é pobre.

Aos números divulgados ontem pelo Eurostat, autoridade estatística da União Europeia, acrescenta uma informação conhecida nesta quinta-feira: o custo dos alimentos subiu em janeiro, o que sucede pela primeira vez, numa análise aos últimos seis meses.

Recorde-se que ontem o Eurostat apontou que, em 2010, cerca de um quarto da população europeia (23,4 por cento) corre elevado risco de pobreza ou de exclusão social. Esta percentagem representa 115 milhões de europeus. Em Portugal, a percentagem é superior (25,3 por cento) e registou um aumento, entre os anos de 2009 e 2010.

Com o agravamento dos preços em produtos essenciais, esses dados de 2010 (eventualmente já desatualizados, em virtude da crise internacional) podem não representar a real situação de 2012.

Portugal tinha, em 2010, 25,3 por cento dos cidadãos nesta situação, quando no ano anterior essa percentagem se situava no 24,9 pontos. A média europeia em 2010 ficou-se nos 23,4 por cento.

Realce para os países com riscos de exclusão e pobreza reduzidos: República Checa (14 por cento), Holanda (15 por cento) e Suécia (15 por cento). Os dados divulgados nesta quarta-feira em Bruxelas indicam que no extremo oposto estão Bulgária (42 por cento da população), Roménia (41 por cento) e Letónia (38 por cento).

Ontem, Ann Berg, responsável da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, criticava duramente a produção de biocombustíveis a partir de alimentos. Só nos EUA, 40 por cento da produção do milho serve esta indústria, o que “seria suficiente para alimentar cerca de 600 milhões de pessoas durante um ano”.

Nesse sentido, num mundo onde a fome mata, com dramas humanitários em diversas regiões, torna-se “ridícula” a ideia de desviar os alimentos para gerar biocombustíveis. Ann Berg, em declarações à agência Lusa, aponta medidas drásticas, como o fim dos subsídios que são entregues à indústria produtora de biocombustíveis.

Berg salienta que se trata de uma opinião “pessoal”, e não uma posição formal da FAO, mas realça a gravidade do problema, que se agrava com a subida de preços do milho – 125 milhões de toneladas, nos EUA, são usadas na produção deste tipo de combustível.