5.3.14

Cátia está no Congo para estudar a vida num campo de refugiados

Texto de Ana Maria Henriques, in Público on-line (P3)

O desafio de Cátia Carvalho, que teve o apoio de uma agência das Nações Unidas, é perceber como se vive em campos de refugiados e ajudar a pensar em soluções a partir desta experiência na República Democrática do Congo


Cátia Carvalho está na República Democrática do Congo para estudar as condições de vida em que os refugiados vivem num campo, bem como as circunstâncias que os levaram até ele. A estudante de mestrado integrado em Psicologia do Comportamento Desviante na Universidade do Porto quer compreender “como se providencia educação, alimentação, cuidados de saúde e ajuda psicológica”, explica ao P3 numa entrevista por e-mail. “Basicamente, quero inteirar-me de todas as questões pertinentes no seu quotidiano.”

A jovem de 23 anos sempre se interessou por direitos humanos, mas foi uma disciplina que frequentou na Universidade Católica que a despertou para o tema. Com o passar do tempo, percebeu que visitar um campo de refugiados era algo que gostaria de fazer e o interesse recaía, sobretudo, em África. “Quando iniciei o meu mestrado decidi que queria estudar os refugiados e, deste então, procurei autorização para ir a um campo, o que se revelou bastante demorado e difícil”, conta.

A autorização chegou alguns meses depois e, no fim de Fevereiro, viajou para a República Democrática do Congo para conhecer o campo de refugiados de Molé, com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) mas sem qualquer ajuda financeira. Em Molé vivem mais de seis mil refugiados centro-africanos.

No estudo — “qualitativo, de carácter exploratório e etnográfico” —, Cátia usa entrevistas aprofundadas a refugiados, perguntando sobre as condições de vida no campo, sobre como se sentem e “que emoções expressam em relação a essa nova vida”. Para tornar a integração mais simples, fez um curso de francês e aprendeu, também lingala, uma das línguas faladas na República Democrática do Congo.

Perceber que tipo de ajuda o ACNUR fornece e de que forma os refugiados imaginar a sua vida no futuro são, também, pontos importantes, bem como a observação do “quotidiano no campo”: “actividades diárias, passatempos, prestação de cuidados médicos e demografia”.

A ideia é poder ajudar a encontrar soluções para algumas das questões mais problemáticas deste tipo de campos e, no fim desta investigação, Cátia entregará ao ACNUR um artigo. No futuro, a jovem gostava de estudar “as condições em que os refugiados vivem em Portugal e poder contribuir para que o nosso país possa abrir portas à multiculturalidade e desenvolvimento”, talvez numa tese de doutoramento.

Artigo corrigido às 11h32: lingala é uma das línguas faladas na República Democrática do Congo, e não um dialecto.