7.7.20

Comissão antecipa recessão mais profunda na UE. Só há quatro países com quebra do PIB maior do que Portugal

Mónica Silvares, in Ecoonline

Comissão Europeia prevê que a zona euro vai sofrer este ano uma contração de 8,7%, para depois crescer 6,1%, em 2021. Já a economia dos 27 terá uma quebra de 8,3% este ano, e crescerá 5,8%, em 2021.

Comissão antecipa recessão mais profunda na UE. Só há quatro países com quebra do PIB maior do que Portugal

Comissão Europeia prevê que a zona euro vai sofrer este ano uma contração de 8,7%, para depois crescer 6,1%, em 2021. Já a economia dos 27 terá uma quebra de 8,3% este ano, e crescerá 5,8%, em 2021.

Uma recessão ainda mais profunda e com divergências ainda maiores entre os Estados membros. Esta é a principal conclusão das previsões de verão da Comissão Europeia, onde é feita a atualização do impacto da pandemia nas economias. Portugal é o quinto país, no conjunto dos 27, com uma quebra mais acentuada do PIB. Pior só mesmo Itália (-11,2%, Espanha (-10,9%), Croácia (-10,8%) e França (-10,6%).

Nas previsões divulgadas esta terça-feira, a Comissão Europeia estima que a zona euro vai sofrer este ano uma contração de 8,7%, para depois crescer 6,1%, em 2021. Já a economia dos 27 terá uma quebra de 8,3% este ano, passando para um crescimento de 5,8% em 2021. Nesta atualização, a Comissão reconhece o seu maior pessimismo face à da primavera já que, “um conjunto de indicadores sugerem que a zona euro funcionou entre 25% a 30% abaixo das suas capacidades durante o período de confinamento“.

Ora foi esse confinamento, essencial para travar a evolução da pandemia de Covid-19, que fez com que a economia europeia tivesse entrado, subitamente em recessão na primeira metade do ano, com “a maior contração registada desde a Segunda Guerra Mundial”. Paolo Gentiloni na apresentação das Previsões de Verão da Comissão Europeia.7 Julho, 2020

Mas os efeitos não foram iguais em todas as economias. Os dados do primeiro trimestre “confirmaram as estimativas iniciais de um impacto económico considerável apesar de as medidas de confinamento terem sido introduzidas apenas em meados de março”. “Os efeitos foram assimétricos nas economias e nas indústrias”, pode ler-se no relatório, que aponta para o acentuar da contração no segundo trimestre, porque o confinamento foi ainda mais severo, com mais países em estado de alerta à medida que a doença se propagava. Em maio as medidas restritivas começaram a ser aliviadas e, em junho os indicadores já apontam para uma recuperação “oferecendo um ponto de partida favorável para uma retoma no terceiro trimestre”.

Mas, a Comissão alerta que os riscos em torno em torna dos previsões de crescimento são muito grandes e estão interligados. A começar com a possibilidade de uma segunda vaga, que poria em causa uma das assunções chave destas Previsões de Verão, passando por uma destruição e postos de trabalho mais intensa e um aumento das falências, são muitos os riscos de uma retoma mais lenta. Sem esquecer a possibilidade de, em 2021, ainda não haver um acordo entre o Reino Unido e a União Europeia.

A Comissão explica ainda que as projeções assentam no pressuposto que os Estados vão continuar a levantar gradualmente as restrições, mas o necessário distanciamento social vai continuar a ter impacto nos setores onde é necessário contacto interpessoal. Por isso, setores como o turismo e o lazer e cultura. No caso específico de Portugal, a Comissão prevê que a aviação e hotéis são exemplos de atividades que vão “permanecer em níveis muito inferiores aos níveis pré-pandemia durante um período mais longo de tempo”. Bruxelas lembra que o número crescente de infeções nos Estados Unidos e nos mercados emergentes acabou por deteriorar as perspetivas de retoma.

Mas também há boas notícias, a proposta da Comissão para o fundo de recuperação “poderá dar um impulso considerável” à economia europeia, em especial em 2021, mas para já, o seu efeito potencial, ainda não foi incorporado nas previsões.

Num relatório que não tem previsões sobre défice ou dívida pública, Bruxelas apenas refere que as medidas de política orçamental e monetária credíveis deverão ajudar a sustentar a retoma e impedir falências e despedimentos mais significativos.

(Notícia atualizada)