27.5.08

Apoio só chega a 13% dos deficientes mentais

Inês Schreck, in Jornal de Notícias

Associação tem dois projectos em mãos, mas estão dependentes do financiamento do Estado


Num total de cerca de três mil deficientes mentais que se estima que existam no concelho de Gaia, apenas cerca de 400 são acompanhados. Ou seja, o apoio das duas associações (APPACDM e CerciGaia) que se dedicam especialmente aos doentes com problemas mentais só chega a 13% daquela população.

Os números foram avançados, ontem, pelo presidente da APPACDM (Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) de Vila Nova de Gaia. Mário Dias considera que a cobertura está muito aquém das necessidades do Município. "É um dos concelhos mais carenciados do país", afirmou o responsável, ao JN, pouco antes de receber Idália Moniz, secretária de Estado da Reabilitação Social.

O presidente da APPACDM de Gaia ia aproveitar a visita para recordar as insuficiências com que a associação se depara no dia-a-dia para acolher e trabalhar com os seus utentes. As maiores carências prendem-se com a falta de lares residenciais e espaços para desenvolver actividades ocupacionais.

Projectos à espera de verba

Actualmente, a APPACDM de Gaia dispõe de apenas um lar residencial para 12 pessoas. Para dobrar esta capacidade está em curso um projecto de reconversão de um edifício antigo na Rua da Rasa que já foi aprovado pela Segurança Social, explicou Mário Dias. Falta, no entanto, o mais importante o financiamento para o arranque das obras. Estes lares residenciais acolhem, sobretudo, os deficientes mentais sem rectaguarda, seja por morte dos familiares ou por falta de condições sócio-económicas.

A associação tem ainda outro projecto em mãos, que ainda não obteve aval da Segurança Social. Trata-se da criação do Centro de Actividades Ocupacionais de Canidelo, um equipamento a instalar num terreno cedido pela Câmara de Gaia. O projecto, em fase de apreciação, pretende dar resposta a cerca de 50 pessoas portadoras de deficiência mental. Mário Dias acredita que poderá arrancar dentro de três anos, mas tudo depende da capacidade de resposta da Segurança Social. Para o presidente da APPACDM de Vila Nova de Gaia, estes dois "investimentos são prioritários" para melhorar a resposta às necessidades dos utentes.

Enquanto isso, as várias valências da associação (pré-escolar, sócio-educativo, actividades ocupacionais, formação profissional) vão funcionando em cinco locais dispersos pelo concelho. No que toca à formação profissional, dos 48 jovens inscritos em 2008, cerca de uma dezena foi integrada com sucesso.

Em todo o país existem 27 APPACDM, sendo que no distrito do Porto há quatro (Porto, Gaia, Matosinhos e Trofa). A de Gaia é, a seguir à do Porto, a que tem mais utentes, num total de 230.