30.5.08

PR: Combate à pobreza e desigualdade social "não vai ser resolvido" a curto prazo - Cavaco Silva

in Visão

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, disse hoje, em Lisboa, que o combate à pobreza e às desigualdades sociais "não vai ser resolvido a curto prazo" porque está muito ligado à qualificação dos recursos humanos.

Cavaco Silva que falava à margem do Congreso Internacional de Inovação Social, disse não querer comentar declarações do seu antecessor, Mário Soares, sobre as últimas estatíticas divulgadas pelo EUROSTAT relativas à pobreza em Portugal, tendo, no entanto, reconhecido que "têm vindo a ser tomadas algumas medidas" nesse sentido pelo governo.

"Mas estou convencido que embora os próximos números possam ser melhores do que aqueles que foram revelados, e que se referem a 2004, não vai ser resolvido (combate à pobreza) a curto prazo, porque isso tem uma ligação muito grande à qualificação dos recursos humanos", afirmou.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro, José Sócrates, admitiu que o ex-Presidente da República Mário Soares comentou equivocado com base num "embuste" o relatório sobre a pobreza em Portugal, desconhecendo que se tratava de um documento de 2004 e não actual.

"Julgo que o dr. Mário Soares foi também influenciado por aquilo que foi um dos maiores embustes lançados na sociedade portuguesa, julgando que o relatório lançado na semana passada [sobre pobreza] se referia a números actuais. Mas esse relatório era de 2004", declarou José Sócrates aos jornalistas.

Falando no final do debate quinzenal, na Assembleia da República, o primeiro-ministro criticou também a comunicação social por não ter referido a data do relatório.

O Chefe do Governo dise que também no combate às desigualdades houve uma melhoria, tendo Portugal "passado do índice de 6,9 em 2005 para 6,8 em 2006".

O Presidente da República disse ainda que o problema das desigualdades no rendimento não se resolve de um dia para o outro, porque são precisas políticas persistentes para a igualdade de oportunidades no domínio da Educação e de apoio àqueles que se encontram em situação de pobreza.

Embora reconheça que a via fiscal sempre foi utilizada para corrigir as desigualdades no rendimento, Cavaco Silva disse que "as margens de manobra hoje são limitadas" porque os capitais e até as pessoas se deslocam de um país para o outro com grande facilidade.

O Presidente mostrou-se favorável às propostas dos economistas sobre a protecção penalizadora nos casos dos rendimentos desproporcionados dos gestores face à media dos salários dos respectivos trabalhadores.

"O problema da baixa dos impostos é sempre complicado, principalmente quando ainda é bastante frágil a situação das nossas Finanças Públicas", afirmou.

SRS.

Lusa/fim