30.5.08

Falta confiança na situação económica

Lucília Tiago, in Jornal de Notícias

O pessimismo das famílias portuguesas sobre a evolução da sua situação financeira e sobre o andamento da economia acentuou-se ao longo deste mês. De tal forma que o indicador de confiança dos consumidores, medido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), registou em Maio o valor mais baixo desde Junho de 2003. Do lado das empresas, as expectativas não são melhores.

O aumento do desemprego, conjugado com a subida das taxas de juro e dos preços dos combustíveis e bens alimentares são as principais causas para a diminuição das expectativas das famílias em relação à evolução da sua situação financeira. Ao mesmo tempo, e como revelam os dados ontem divulgados pelo INE, as perspectivas de poupança são também agora mais baixas, mantendo, de resto a tendência de diminuição que se notou já no mês anterior.

Uma das consequências de todo este pessimismo é a retracção do consumo. Segundo o INE, o indicador de confiança dos consumidores atingiu em Maio 43,4 pontos negativos, pior que os 41,8 pontos negativos do mês anterior, sendo necessário recuar a Junho de 2003 para encontrar um valor tão baixo.

Os resultados do inquérito de conjuntura às empresas indicam também uma deterioração da confiança, na indústria e no comércio. Apenas na construção e obras públicas e nos serviços se regista alguma recuperação.

Tudo isto somado fez com que o indicador de clima económico tenha diminuído ligeiramente em Maio, invertendo assim a tendência de "ténue recuperação" que tinha sido observada nos dois meses anteriores.

Na indústria transformadora, a diminuição do indicador de confiança foi essencialmente motivada pela forte redução das expectativas sobre a procura global, enquanto no comércio a confiança atingiu o valor mínimo desde Setembro. O pessimismo já vinha a acentuar-se desde há quatro meses no comércio a retalho, tendo agora chegado também ao comércio por grosso. Ambos esperam um agravamento no volume de vendas.

Estes dados do INE juntam-se a uma série de recentes más notícias sobre o andamento da economia. Há um par de semanas, a estimativa rápida deste organismo sobre o comportamento do PIB dava conta de um abrandamento e, na semana passada, o Banco de Portugal assinalava também que em Abril a evolução da actividade económica tinha diminuído face ao mês anterior.