in Jornal de Notícias
O Governo da África do Sul pondera criar "centros de acolhimento" para albergar perto de 70 mil imigrantes de vários países africanos vítimas da xenofobia que assola o país 11 de Maio e que provocou mais de 55 mortos, seis centenas de feridos graves e mais de 50 mil deslocados, entre os quais 32 mil moçambicanos e algumas dezenas de angolanos.
"A criação de campos de refugiados, centros de acolhimento ou seja lá qual for a designação oficial, parece, no entanto, praticamente inevitável no cenário actual", disse um alto responsável dos serviços de polícia sul-africanos.
Em terrenos anexos a esquadras de Polícia da zona metropolitana de Joanesburgo, a situação é de crise, com milhares de pessoas que perderam todos os seus haveres e foram forçadas a abandonar os seus locais de residência a viverem em tendas ou ao relento, sob temperaturas a rondar os oito graus centígrados que se têm registado nas últimas semanas.
Moçambicanos e zimbabueanos (os dois maiores grupos de deslocados) que aguardam transporte para os seus países ou que pretendem manter-se na África do Sul, mas que estão albergados temporariamente à guarda da Polícia sul-africana, queixam-se de que não tomam banho há mais de uma semana e que vivem em condições deploráveis.
O Executivo sul-africano, que desde o agravamento da crise de refugiados do Zimbabwe, há oito anos, sempre se recusou a tratar os zimbabueanos como "refugiados ou exilados de facto", poderá agora ter que optar pelos campos de refugiados para os albergar.