24.5.08

Contra "trabalho escravo" e "despedimento fácil"

Ana Trocado Marques, in Jornal de Notícias

Comunistas passaram por três das principais empresas da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde


Com o objectivo de mobilizar os trabalhadores para a "grande marcha de protesto" contra as alterações ao Código do Trabalho, convocada pela CGTP para 5 de Junho, em Lisboa, a caravana regional do PCP percorreu, ontem, os concelhos da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde. Segundo os comunistas, a distribuição de panfletos contra as políticas do Governo em matéria de emprego, levada a cabo em três das grandes empresas da zona, incidiu simbolicamente nos principais problemas do sector o "despedimento fácil", depois da concessão de mais-valias por parte de Autarquia, no caso do Quintas & Quintas; a "incerteza" quanto ao futuro, na Maconde; e a "precariedade" e o "trabalho escravo" na Qimonda.

"Os números vão entre os 15 e os 16% de desemprego oficial [nos dois concelhos]. O desemprego real tocará os 20%", explicou Fernando Reis, à porta da fábrica de cordoaria Quintas & Quintas.

"Quase todos os dias fecham empresas nesta zona", frisou, lembrando os encerramentos recentes da Summavielle Amorim (Póvoa) e os despedimentos na Maconde e na própria Quintas & Quintas. Neste caso, lembrou que a empresa de cordoaria recebeu da Autarquia um bónus de construção de 50% - relativamente ao previsto no PDM - para os terrenos do antiga fábrica, na Rua Gomes de Amorim, em troca da transferência da unidade e da manutenção dos postos de trabalho (cerca de 500) para o Lugar de Barreiros.

Na Maconde, diz Fernando Reis, findo o processo de restruturação, que levou a "um enorme número de despedimentos", vive-se ainda uma "situação difícil", com "falta de trabalho e muitos receios quanto ao futuro".

Por fim, a caravana parou na Qimonda. Na unidade de semicondutores, diz o comunista, a "precariedade chega aos 80%, já para não falar nos turnos de 12 horas, um trabalho escravo, à semelhança do que existia no século XVIII".

"O Governo socialista parece defender este retrocesso, porque considera que assim é que se faz a competitividade propõe-se simplificar processos de despedimento, despedir por inadaptabilidade, estabelecer prazos para a caducidade dos contratos, enfim, a precariedade total da legislação do Trabalho", frisou o comunista.

Neste contexto, Fernando Reis espera "uma grande marcha de protesto" dos trabalhadores "traídos pelo Governo socialista", no próximo dia 5.