in RTP
Um em cada dez portugueses vive com menos de dez euros por dia. Este é um dos dados de um relatório do Eurostat, o organismo estatístico da União Europeia, sobre a situação social nos Estado membros, que afirma também que Portugal é líder europeu nas desigualdades sociais.
Segundo o Relatório sobre a Situação Social na União Europeia em 2007, Portugal é o único país da Europa a 25 cuja diferença entre os mais ricos e os mais pobres ultrapassa os Estados Unidos. “Portugal distingue-se como sendo o país onde a repartição é mais desigual”, lê-se no documento.
Dez por cento da população portuguesa vive com menos de 10 euros por dia. Na União Europeia a média não ultrapassa os cinco por cento.
O relatório destaca como principais geradores de pobreza a relação entre os baixos salários e as baixas qualificações. Em Portugal 90 por cento dos pobres tem no máximo o terceiro ano do ensino básico.
Governo contesta relatório
Pedro Marques, secretário de Estado da Segurança Social, garante que os dados revelados por Bruxelas são de 2004 e que foram corrigidos posteriormente pelo Eurostat, o que “diminui o nível de desigualdade em Portugal”.
Apesar da “correcção” atenuar a disparidade entre a repartição dos rendimentos, o governante sublinha que esta continua a ser uma prioridade do Executivo, e salientou a aprovação do Plano Nacional de Acção para a Inclusão.
Pobreza agrava-se em Portugal
Entre 1995 e 2000 mais de metade das famílias portuguesas (52,4%) estiveram muito vulneráveis à pobreza, durante um espaço de um ano, e a grande parte desses pobres tinha como principal fonte de rendimento o seu ordenado.
Estas são as conclusões do estudo “Olhar sobre a Pobreza em Portugal”coordenado pelo ex-ministro Alfredo Bruto da Costa a que o jornal Público teve acesso e que será lançado em livro no próximo mês.
A pobreza atinge sobretudo crianças e reformados. Apesar do fenómeno estar nas cidades são as zonas rurais que continuam mais vulneráveis.
Mesmo entre a população não pobre, o estudo revela que quase 20 por cento dos portugueses confrontam-se com a falta de dinheiro para chegar ao fim do mês. Por isso o coordenador do estudo afirma que é necessário aumentar os ordenados e democratizar as empresas.
Segundo o estudo, 61 por cento dos pobres não tem condições para manter a casa quente, 12 por cento não tem banheira ou chuveiro e 10 por cento nem sequer tem casa de banho.