25.5.08

Só a Letónia é mais desigual do que Portugal nos rendimentos entre os 27 estados da UE

in Jornal Público

As disparidades na repartição dos rendimentos em Portugal têm sido "ligeiramente atenuadas" mas, em 2006, o país ainda tinha a segunda pior classificação da União Europeia, segundo dados do Eurostat.

O Governo garantiu, na quinta-feira, que um relatório publicado nesse dia por Bruxelas (que apontava Portugal como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos) se baseava em dados de 2004, corrigidos posteriormente pelo departamento de estatísticas europeu (Eurostat), o que "diminui o nível de desigualdade" e "altera de forma significativa" a análise.

Mudar demora

De acordo com os dados mais recentes do Eurostat, em 2006 Portugal tinha atrás de si apenas a Letónia no que se refere ao índice de desigualdade na repartição do rendimento.

"A tendência [portuguesa] é positiva, mas a situação não pode mudar de um dia para o outro", disse a porta-voz da Comissão Europeia para o Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades.

Katharina Von Schnurbein explicou que 47 por cento dos portugueses estudaram apenas até ao nível de escola primária, o que implica que uma parte importante da população não tem acesso a empregos bem pagos.

Segundo dados do Eurostat, a relação entre o rendimento total recebido pelos 20 por cento da população portuguesa com rendimentos mais elevados e os 20 por cento com rendimentos mais baixos era de 6,8 em 2006.

A Letónia, um dos Estados bálticos que aderiu recentemente à União Europeia, apresentava um índice de 6,7 em 2005 e de 7,9 em 2006.

Ontem, o Governo voltou a comentar o tema, pela voz do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira. "Com certeza que a situação da pobreza e das desigualdades sociais preocupa o Governo, e a agenda social do Governo é dirigida a combater os problemas que temos de pobreza e de desigualdades sociais", afirmou Silva Pereira, na habitual conferência de imprensa do Conselho de Ministros.

No entanto, o governante pediu "rigor" na avaliação da situação: "Precisamos de ser rigorosos quando avaliamos [estes números] e, como entretanto foi esclarecido, os dados divulgados referem-se a 2004. Não deixa de ser curioso que esse facto tenha passado despercebido nas primeiras notícias que vieram a público, e que tenha sido o Governo a dar essa informação".

47% dos portugueses estudaram apenas até ao nível da escola primária. Por isso, uma parte importante da população não acede a empregos bem pagos