in Jornal Público
As disparidades na repartição dos rendimentos em Portugal têm sido "ligeiramente atenuadas" mas, em 2006, o país ainda tinha a segunda pior classificação da União Europeia, segundo dados do Eurostat.
O Governo garantiu, na quinta-feira, que um relatório publicado nesse dia por Bruxelas (que apontava Portugal como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos) se baseava em dados de 2004, corrigidos posteriormente pelo departamento de estatísticas europeu (Eurostat), o que "diminui o nível de desigualdade" e "altera de forma significativa" a análise.
Mudar demora
De acordo com os dados mais recentes do Eurostat, em 2006 Portugal tinha atrás de si apenas a Letónia no que se refere ao índice de desigualdade na repartição do rendimento.
"A tendência [portuguesa] é positiva, mas a situação não pode mudar de um dia para o outro", disse a porta-voz da Comissão Europeia para o Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades.
Katharina Von Schnurbein explicou que 47 por cento dos portugueses estudaram apenas até ao nível de escola primária, o que implica que uma parte importante da população não tem acesso a empregos bem pagos.
Segundo dados do Eurostat, a relação entre o rendimento total recebido pelos 20 por cento da população portuguesa com rendimentos mais elevados e os 20 por cento com rendimentos mais baixos era de 6,8 em 2006.
A Letónia, um dos Estados bálticos que aderiu recentemente à União Europeia, apresentava um índice de 6,7 em 2005 e de 7,9 em 2006.
Ontem, o Governo voltou a comentar o tema, pela voz do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira. "Com certeza que a situação da pobreza e das desigualdades sociais preocupa o Governo, e a agenda social do Governo é dirigida a combater os problemas que temos de pobreza e de desigualdades sociais", afirmou Silva Pereira, na habitual conferência de imprensa do Conselho de Ministros.
No entanto, o governante pediu "rigor" na avaliação da situação: "Precisamos de ser rigorosos quando avaliamos [estes números] e, como entretanto foi esclarecido, os dados divulgados referem-se a 2004. Não deixa de ser curioso que esse facto tenha passado despercebido nas primeiras notícias que vieram a público, e que tenha sido o Governo a dar essa informação".
47% dos portugueses estudaram apenas até ao nível da escola primária. Por isso, uma parte importante da população não acede a empregos bem pagos