Andreia Sanches, in Jornal Público
Portugal é o país que pior sai na fotografia: quase seis em cada dez (59 por cento) crianças e jovens consideram que os seus direitos não estão devidamente protegidos. Só a Roménia regista uma avaliação quase tão negativa (57 por cento).
A sondagem Eurobarómetro ontem divulgada em Bruxelas sobre direitos das crianças - no âmbito da qual foram questionados jovens entre os 15 e os 18 anos dos 27 países da União Europeia (UE) - revela que não mais de 22 por cento dos inquiridos na UE defendem que os direitos das crianças estão protegidos de forma insuficiente ou nada protegidos. Ou seja: a esmagadora maioria dos jovens da UE (75 por cento, contra 39 por cento em Portugal) acha que os seus direitos estão assegurados.
Apesar desta percepção, os portugueses revelam uma consciência dos seus direitos acima da média: a maior parte (69 por cento) sabe que as crianças têm direitos específico. A média da UE é 67 por cento.
O relatório do Eurobarómetro (que está disponível no site da Comissão Europeia) destaca ainda o facto de a maioria dos jovens europeus (82 por cento) ter feito saber que nunca tentou pedir ajuda depois de ver violado um dos seus direitos e que não conhece ninguém da sua idade que o tenha feito. Em Portugal, 86 por cento afirmaram o mesmo.
Questionados sobre as razões para não pedir ajuda, 81 por cento dos jovens portugueses (e 79 por cento dos da UE) dizem que não sabem como nem quem contactar se quiserem apresentar alguma queixa.
Qual o problema que no seu país deve ser atacado em primeiro lugar? - foi outra das perguntas da sondagem. A violência contra as crianças (23 por cento), a exploração sexual de crianças (19,7 por cento) e o problema das drogas (17,5 por cento) são os mais mencionados na UE. Em Portugal, a ordem de prioridades é um pouco diferente: para 31,7 por cento dos inquiridos a exploração sexual de crianças é o problema a atacar prioritariamente; 20,7 por cento referem a violência contra as crianças e 16,7 por cento a pobreza e exclusão social.