EF, in Jornal Público
Os países industrializados estão a utilizar os recursos biológicos dos países em desenvolvimento sem contrapartidas, no que pode ser designado como "biopirataria", referiu ontem, em Bona, o ministro do Ambiente alemão, na abertura da conferência da Convenção das Nações Unidas sobre biodiversidade, em que participam delegados de 191 governos.
Até à data de 30, e com o Dia Mundial da Biodiversidade a incluir-se, quinta-feira, na agenda de trabalhos, a conferência vai estabelecer formas de negociação para que, até 2010, haja regras internacionais de acesso aos recursos genéticos e de partilha da sua utilização. O retrato actual da situação, segundo o ministro do Ambiente do país anfitrião da conferência, remete para actos de "biopirataria". Há países, disse Sigmar Gabriel, que salvaguardaram os seus recursos naturais e agora nada recebem por essa riqueza. A área da produção de novos medicamentos com base na flora e na fauna de florestas e mares são dos alvos principais.
No primeiro dia da conferência, foi conhecido um relatório de 2008 da União Internacional para a Conservação da Natureza. "A Lista Vermelha das Aves" indica que 1226 espécies de aves, de entre as cerca de dez mil existentes no Mundo, se encontram ameaçadas. Os países com mais espécies nesta categoria são o Brasil e a Indonésia. O relatório coloca este ano mais oito espécies no último grau de risco (seriamente ameaçadas). Os especialistas que elaboraram a lista consideram que as mudanças climáticas estão a exercer uma enorme pressão sobre as aves. Secas e outros fenómenos meteorológicos extremos ameaçam as aves directamente ou através da alteração drástica dos seus habitats.
A actual taxa de extinção situa-se entre cem e mil vezes mais que a taxa natural. Mais de 30% dos anfíbios, cerca de 70% das plantas, 25% dos mamíferos e 12% das aves estão hoje em dia ameaçados. Ainda que a extinção de espécies esteja a ocorrer em quase todo o Mundo, ela concentra-se nos trópicos e tem como cenário a desflorestação.