Ana Bela Ferreira, Gonçalo Borges Dias, in Diário de Notícias
O dia de ontem foi de festa para as crianças da Associação SOL. Nove delas foram baptizadas na Igreja de S. Pedro de Alcântara, em Lisboa. Apesar da alegria estampada nos seus rostos, a associação que lhes dá abrigo está em situação de quase ruptura por não ter ainda recebido os apoios do Governo.
"Já desde Abril do ano passado que estamos a atravessar uma crise muito grande, com muita falta de dinheiro. Melhor, estamos mesmo sem dinheiro." É assim que a presidente da associação, Teresa d'Almeida, descreve a situação actual. Em Outubro, "estávamos a ficar muito preocupados, quando a RTP lançou uma campanha que nos veio ajudar, e a Segurança Social nos deu um subsídio, que tínhamos pedido quase há um ano" explica ao DN Teresa d'Almeida. "É assim que temos conseguido viver até agora", refere a dirigente.
A Associação SOL acolhe, actualmente, 21 crianças infectadas ou afectadas pelo vírus da sida. Mas, oficialmente, só está autorizada a acolher onze. E é este o número de crianças abrangidas pelo apoio do Governo. "Dizem que tenho crianças a mais", critica Teresa d'Almeida. Mas "continuam a pôr lá crianças, porque nós não vamos com uma rede de caçar borboletas buscar as crianças. Elas são postas lá pelo Tribunal ou Comissão de Menores, ou seja, pelo sistema e, depois, é o próprio sistema que diz que nós estamos com crianças a mais e não nos ajuda", lamenta a presidente. A instituição está agora à espera de um subsídio extraordinário pedido à Coordenação Nacional da Infecção VIH/Sida. Entretanto, a SOL e outras associações já pediram "uma reunião com a ministra da Saúde, que ficou marcada para "dia 27". "Há aqui um problema: a primeira tranche devia ter sido recebida em Janeiro e agora há dúvidas se nos vão pagar com retroactivos ou não", acrescenta. Teresa d'Almeida faz questão de sublinhar que "estas crianças têm os mesmos direitos que as outras" e a prioridade é que não lhes falte nada.