19.5.08

Agressões acontecem mais ao fim-de-semana

Ivete Carneiro, in Jornal de Notícias

Agressões não se limitam a casos de conjugalidade - há vários casos de idosos agredidos analisados


Um terço dos casos de violência doméstica ocorre durante o fim-de-semana, com especial destaque no domingo. E mais de metade acontece à noite, ou de madrugada. É uma das conclusões a que permite chegar a análise ao perto de 12 mil ocorrências registadas pelas forças policiais no ano passado, feita pela Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI) em resposta a um requerimento apresentado à Assembleia da República por um grupo de deputados socialistas.

No sentido de delinear "estratégias mais eficazes no combate ao crime de violência doméstica", o Grupo Parlamentar do PS requereu em Março informações discriminadas sobre "os dias da semana e o período do dia" em que ocorrem esses crimes, diferenciando violência contra cônjuges, crianças e idosos. A resposta chegou na semana passada e incide sobre o estudo de 11.991 casos, ou seja 54% das ocorrências reportadas em 2007 à PSP e à GNR.

A primeira conclusão é a de que os fins-de-semana reúnem 33,8% dos casos. E a quarta-feira é o dia menos provável para episódios de violência doméstica. No que toca à hora das ocorrências, o período das 19 horas à uma da manhã parece ser o mais crítico, com 46,5% dos casos. Esticada até às sete da manhã, a tranche nocturna reúne 57,6% dos casos de violência doméstica.

Confirmando uma percepção do senso comum, a análise da DGAI chega à conclusão de que 87% da violência doméstica recai sobre cônjuges ou ex-cônjuges. E que 73,2% das vítimas pertence à faixa etária dos 25 aos 54 anos. "Os menores representam cerca de 3% dos casos", mas a violência sobre descendentes (que inclui filhos em 80% dos casos, enteados, netos, sobrinhos, genros e noras) equivale a 4,9% das situações denunciadas, que ocorram maioritariamente no período da tarde.

Já os idosos, são 6% das vítimas, agredidas sobretudo durante a semana e no período da tarde, adiantam ainda os autores do estudo, segundo os quais a maioria dos agredidos têm entre 35 e 44 anos (30,1%, contra 25,5% na faixa 25-35 anos) e são vítimas de violência durante a noite. Em cerca de 6% dos crimes, os agredidos são pais (em 70% dos casos de violência sobre ascendentes a agredida é a mãe), avós, tios, sogros, tutores ou padrastos do agressor, que actua mais à semana do que ao fim-de-semana, e sobretudo à sexta-feira.

Associando o dia das ocorrências com o perfil da vítima, concluiu-se que a violência conjungal sobre pessoas entre os 24 e os 44 anos ocorre sobretudo ao fim-de-semana. Já a probabilidade de se ser agredido quando se tem entre 18 e 34 anos aumenta substancialmente de madrugada. Quanto à violência contra irmãos, namorados ou ex-namorados, primos e cunhados, aparece como residual (1,9%) nos dados do MAI.

Maioria dos casos acontece entre casais

79,5% das vítimas vivem em conjugalidade com o agressor e são agredidas durante a noite. A violência contra ex-companheiros representa 7,4% do total e ocorre durante o dia.

18,1% das agressões são registadas ao domingo, contra 15,7% ao sábado. No total, 58% das situações ocorrem entre as 19 horas e as sete da manhã.