7.5.08

Desemprego ameaça aldeia dos têxteis

Luís Martins, in Jornal de Notícias

A "aldeia dos têxteis" - como diz a placa à entrada da localidade -pode ter os dias contados. Esta semana, cerca de 100 trabalhadores de duas das quatro fábricas da aldeia dos Trinta - a Efilã e a Jopilã - pediram a suspensão dos contratos de trabalho, invocando dois meses de ordenados em atraso.

Desta vez, a crise dos têxteis veio para ficar numa terra que tinha passado incólume na década de 90. Carlos João, presidente do Sindicato dos Têxteis da Beira Alta (STBA), esteve, ontem, à porta da Jopilã, que emprega 40 pessoas, cuja média de idades ronda os 45 anos. "O mais novo já leva 20 anos de serviço", sublinha, acrescentando que o objectivo da acção foi aconselhar os trabalhadores nos passos a seguir. O primeiro foi formalizar a suspensão dos contratos a partir de dia 14, com base na lei dos salários em atraso. Uma decisão temperada pela desconfiança.

"Há dias fomos almoçar e, quando regressámos, encontrámos um papel na porta a dizer que a empresa iria encerrar por falta de encomendas, entre 19 de Abril e 2 de Maio", recorda uma funcionária da Jopilã.

Na segunda-feira, encontraram um novo "recado" da administração, a dar conta que a fábrica voltaria a encerrar por mais uma semana, de 5 a 9 de Maio. Foi quanto bastou, pois a convicção de funcionários e sindicato é que a empresa não labore mais.

A vizinha Efilã também já viveu melhores dias. Actualmente, funciona apenas com cinco trabalhadoras. Os restantes suspenderam os contratos e aguardam o pagamento de dois ordenados em atraso.

Esta situação, que mexe com a economia local, está a preocupar os habitantes da freguesia. A proprietária de um minimercado, Carla Fonseca, disse que "a situação é péssima". "As pessoas ficam numa situação muito complicada, porque têm contas para pagar e o dinheiro não se vê", afirmou, acrescentando que metade dos seus clientes "são trabalhadores das fábricas".