Helena Silva, in Jornal de Notícias
Plenário das IPSS decorreu em Fátima com mais de um milhar de pessoas de ânimos exaltados
Funcionários e dirigentes das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) vão estar unidos, numa greve geral e manifestação, no próximo dia 28, em Lisboa. Em causa está o encerramento dos Ateliers de Tempos Livres (ATL) das IPSS que, insiste a Direcção da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), poderá atirar para o desemprego "entre seis e 12 mil pessoas". Para além desta acção de protesto, que pretende levar o Governo a voltar atrás na sua decisão de centralizar esse tipo de respostas na escola pública, as instituições decidiram, ontem, em Fátima, encerrar no dia 9 de Junho, mantendo, apenas, em funcionamento as valências ligadas ao apoio à terceira idade.
A Segurança Social começou já a cessar os acordos, que mantinha há anos, com várias instituições. Sem esse apoio estatal e sendo de cariz não lucrativo, as instituições vêem-se sem solução para poder continuar a manter os ATL, explicou ontem Lino Maia, presidente da Direcção da CNIS. Pelas contas da instituição, do universo de 400 mil crianças, as IPSS asseguram a resposta a cerca de 100 mil, divididas por 1.200 ATL.
Ontem, com os ânimos bastante 'aquecidos', mais de mil pessoas reuniram-se, em Fátima, num plenário organizado pela CNIS para debater o problema. Munidos de cartazes de protesto e gritando palavras de ordem - entre as quais, pedidos de demissão do primeiro-ministro - funcionários e dirigentes das instituições, mas também pais e até crianças, ouviram o elencar dos problemas e sugeriram acções de protesto. No final do encontro ficou decidida a realização da greve geral e do encerramento, durante um dia. Mas não só.
A CNIS exorta as instituições para que, até que seja solucionado o diferendo com o Governo, não aceitem ser "ATL de pontas" e que as uniões distritais e delegações organizem manifestações de dirigentes junto dos vários governos civis no país.
Pede ainda às IPSS para que suspendam as participações nas redes sociais e que, durante o Verão, coloquem faixas negras de protesto nos edifícios, de forma a mostrar à população e aos turistas a situação. "Nós exigimos que os pais tenham o direito de escolher entre deixar os filhos oito horas na escola ou cinco horas na escola e o restante nas IPSS, em actividades de qualidade", explicou Lino Maia. O responsável afirma-se esperançado que esta reivindicação venha a ser aceite pelo Governo, a tempo de evitar que sejam realizadas as acções de protesto.
No encontro esteve presente o deputado José Paulo Carvalho, do CDS/PP, que se mostrou solidário com as instituições. "O Governo quer a estatização da escola e isso é inaceitável", considerou.