9.5.08

Macário Correia: Governo não encara problema da "pobreza" com a devida acuidade

in Barlavento

O governo não está a encarar o problema do aumento da pobreza nas famílias portuguesas com a devida "acuidade", diz Macário Correia, que considera que a situação não se resolve apenas com acções de solidariedade.

O agravamento da Economia está a evidenciar o fenómeno dos "novos" pobres, situação que de acordo com aquele responsável político é um problema estrutural que não se soluciona facilmente.

"Há todo um mundo de facilidades que não corresponde ao dia-a-dia das famílias a braços com a falta de emprego e dificuldade em pagar créditos", disse, em declarações à agência Lusa.

No passado fim-de-semana, o Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) montou uma operação de recolha de alimentos no País, que no Algarve resultou na angariação de 114 toneladas de bens, segundo um responsável da organização.

O presidente do Banco Alimentar no Algarve Adriano Pimpão estima que existam na região entre 30 a 35 mil pessoas carenciadas e confirmou à agência Lusa o aumento do fenómeno dos "novos" pobres.

"Tem-se detectado o aparecimento de um novo conjunto de famílias e pessoas isoladas que não teria antes tanta necessidade", afirmou, sublinhando que, no entanto, esses casos não constituem a maioria.

O representante dos 16 municípios algarvios, Macário Correia, considera que apesar de "útil", o problema não se resolve com "caridade de fim-de-semana", pois é preciso tratar questões de fundo como a criação de emprego e riqueza.

O também presidente da Câmara de Tavira diz receber frequentemente comunicações de empresas de crédito a solicitar a penhora parcial dos vencimentos de alguns funcionários, o que espelha a realidade actual.

Contudo, apesar do fenómeno estar a evidenciar-se, a maioria dos pobres no Algarve são idosos com baixas reformas ou famílias numerosas afectadas pelo desemprego ou outros problemas sociais, diz Adriano Pimpão.

Macário Correia sublinha que nas áreas urbanas a pobreza assume maior relevância, pois nas zonas rurais as pessoas são mais auto-suficientes em termos de alimentação e têm menos hábitos de consumo.

O Banco Alimentar no Algarve está no terreno há cerca de um ano e nas duas operações de recolha de alimentos que já organizou conseguiu duplicar o número de pessoas abrangidas, de 5 para 10.500.

A actividade daquela organização começou por se cingir apenas a 10 dos 16 concelhos algarvios, mas agora cobre já a totalidade dos municípios.