9.5.08

Pobreza: Mulheres com filhos e pessoas sós as que mais procuram ajuda no concelho de Santarém

in Lusa

As mulheres sozinhas com crianças a cargo e indivíduos isolados são os que mais procuram apoio alimentar junto das instituições que acompanham perto de meio milhar de casos de Rendimento Social de Inserção (RSI) no concelho de Santarém.

Maria José Casaca, directora da Santa Casa da Misericórdia de Santarém (SCMS), uma das três instituições com equipas de RSI no concelho de Santarém, disse à agência Lusa que são os agregados monoparentais femininos com crianças a cargo e os indivíduos isolados os que sentem "com maior intensidade" o efeito do aumento dos preços e do baixo valor dos rendimentos das famílias.

A equipa de RSI da SCMS (que integra uma assistente social, um psicólogo e uma educadora social e três agentes de acção directa) acompanha actualmente 185 agregados, sendo 62 de mães sós e 28 indivíduos isolados, disse.

Segundo esta responsável, para fazer face a despesas de alimentação, educação, vestuário, entre outras, as famílias encontram-se "completamente desprovidas de recursos financeiros e recorrem cada vez mais aos serviços de atendimento alegando necessidade de apoio de natureza alimentar".

O Serviço de Atendimento Social, integrado na valência Centro de Atendimento e Acolhimento Social da SCMS, fornece, em média, cerca de 55 refeições diárias gratuitas, adiantou, salientando que também o acesso ao Banco de Roupas "tem vindo a aumentar, situando-se actualmente a média em 15 a 20 famílias semanalmente".

"Face ao aumento do custo de vida, que se tem reflectido imenso nos últimos seis meses, é sem dúvida na alimentação que se sentem as principais dificuldades, apesar de todos estes agregados de RSI estarem sinalizados e a beneficiar do Programa Alimentar do PCACC - Programa Comunitário de Apoio Alimentar para Carenciados", frisou.

Segundo disse, uma das despesas com maior representatividade no orçamento familiar é o encargo com a habitação, rondando as rendas na cidade de Santarém os 300 euros.

"São as dívidas com a habitação, quer por renda de casa ou por prestação de empréstimo para aquisição de habitação própria permanente, que muitos agregados deixam acumular e são incapazes financeiramente de regularizar, o que origina mudanças sucessivas de residência, deixando para trás dívidas referentes às casas por onde vão passando", afirmou.

Por outro lado, muitas destas famílias "têm uma dificuldade acrescida" no estabelecimento de prioridades de consumo, sendo frequente cometerem "erros de gestão", como a "forte adesão à aquisição de bens supérfluos (como equipamentos domésticos e telemóveis) ou a créditos fáceis publicitados nos meios de comunicação, afirmou.

Além da SCMS, também o Centro Social Interparoquial de Santarém (CSIS) e a Associação para o Desenvolvimento Social e Comunitário dispõem de equipas de RSI, repartindo as instituições entre si o apoio por freguesias.

Isabel Rosmaninho, do CSIS, disse à Lusa que a instituição tem recebido muitas solicitações de apoio, estando a abrir processos novos todas as semanas (actualmente acompanha 150 casos).

Também os párocos da Diocese de Santarém têm vindo a receber um número crescente de pedidos de ajuda, disse à Lusa o padre António Cândido, pró-vigário da Diocese.

Segundo disse, a Diocese tem neste momento a correr um inquérito para apurar as situações em concreto, no âmbito de um estudo que está a ser realizado em todo o país pela Universidade Católica.

Fonte do Governo Civil, admitindo um aumento de situações de carência, frisou, contudo, que o distrito de Santarém não vive nenhuma situação dramática, uma vez que, ao contrário do que tem acontecido noutros pontos do país, não tem grandes empresas a encerrar.

MLL.