Luís Naves, in Diário de Notícias
Um debate em Lisboa mostrou uma mudança radical na sociedade
Embora estivesse em debate a modernização do modelo social europeu e o impacto das migrações, a iniciativa de ontem da Comissão Europeia e do Centro de História Contem- porânea e Relações Internacionais (CHRIS) acabou por abordar sobretudo a mudança causada nas sociedades europeias pela maior igualdade das mulheres. E estas alterações deverão dar origem a reformas já em discussão na UE.
As mulheres estão a entrar depressa no mercado de trabalho e têm excelentes resultados escolares. Em Portugal, em 2000, elas eram 44,9% dos empregados, um pouco acima da média europeia (43,1%). Em 2006, tinham subido mais um pouco, para 45,9% do mercado de trabalho (44,3% na UE25).
O avanço para a paridade também está a ocorrer nos salários. Por exemplo, uma trabalhadora com menos de 30 anos ganhará, em média, 94,5% do que ganha um homem da mesma idade e na mesma situação profissional. Para uma mulher entre os 50 e os 59 anos, a diferença aumenta: ela ganhará apenas 74% de um homem na mesma situação.
Curiosamente, o fosso típico na Europa é maior e as diferenças de pagamento sobem, à medida que aumenta o nível de educação ou a complexidade da ocupação. Outro exemplo: as mulheres somam 74% dos professores primários, mas apenas 41,9% dos docentes universitários. Mas um facto é inegável: o impacto das mulheres no trabalho é tão elevado, que só por este factor o modelo social teria de mudar.