6.5.08

Observatório avalia emigração

in Jornal de Notícias

A Secretaria de Estado das Comunidades e o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresas (ISCTE) assinam amanhã um protocolo com vista à criação do Observatório da Emigração. O objectivo é recolher dados sobre os fluxos de saída e as razões que levam os portugueses a deixar o país, estando prevista a realização de estudos de campo.

O futuro Observatório permitirá acabar com as dúvidas que desde 2003 rodeiam os números sobre as saídas de portugueses. O Instituto Nacional de Estatística deixou nesse ano de fazer actualizações sobre o tema. Essa limitação é assinalada pelo relatório de 2007 sobre migrações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). O documento assinala uma "tendência contínua" de aumento da emigração entre 2003 e 2006, com base em dados dos consulados e países de destino.

Dos nove principais destinos europeus (exceptuando a França), só a Alemanha registou, naquele período, uma quebra no acolhimento de portugueses. Globalmente, a emigração para os nove países registou um aumento na ordem dos 50%, entre 2000 e 2006. Espanha, Andorra e Reino Unido revelam-se os destinos mais atractivos, a que se junta o "caso especial" da Irlanda o número de portugueses aí instalados cresceu 245% nos últimos três anos, embora em termos absolutos a comunidade não seja ainda muito significativa.

As dificuldades na contabilização das saídas têm sido focadas em anteriores relatórios da OCDE e alguns exemplos concretos, como o de Espanha, explicam porquê. Segundo o relatório português para a OCDE, que cita dados da Embaixada em Madrid, haverá 80.300 portugueses a residir no país vizinho. No entanto, o Ministério do Trabalho espanhol já contabilizava, no final de Setembro passado, 82.700 inscritos na Segurança Social (dado que exclui jovens ou familiares não profissionalmente activos).