in Jornal Público
São vários os alertas e multiplicam-se os sinais de que a carestia de bens essenciais está a causar graves problemas nas classes de baixos rendimentos em Portugal. Mas a verdadeira dimensão da pobreza no país está por avaliar, em parte pelo atraso de dois anos na publicação dos inquéritos nacionais e europeus sobre condições de vida e rendimentos familiares, afirmou à agência Lusa Alfredo Bruto da Costa, um dos investigadores portugueses que, nos últimos anos, mais têm estudado a questão da pobreza em Portugal.
Bruto da Costa, que actualmente preside ao Conselho Económico e Social (CES), sublinha que actualmente não dispõe de informação actual sobre a dimensão da pobreza em Portugal, uma vez que os últimos dados publicados reportam a 2005/2006. "Este não é um problema exclusivo de Portugal, também afecta outros países europeus, mas era importante que os resultados dos inquéritos sobre as condições de vida e os rendimentos das famílias fossem publicados a tempo e horas para se perceber a dimensão do problema social que é a pobreza em tempo útil".
"A pobreza é um problema social muito complicado e sem dados actuais não é possível escalpelizá-lo melhor", precisa. Ainda assim, e porque "tão ou mais importante" do que saber "mais sobre a pobreza" é combatê-la, Bruto da Costa garante que "o que sabemos já permite fazer mais e melhor para a combater". E esse combate passa por um "envolvimento grande do Governo, sociedade civil, empresas, instituições de solidariedade social, opinião pública, e todos os agentes sociais". Porque, acrescenta Bruto da Costa, a pobreza é um problema de todos, que a todos diz respeito, não apenas aos que são pobres, enfatiza.


