8.5.08

Solitários da Europa já são 54 milhões

in Jornal de Notícias

Pessoas sós são cada vez mais na União Europeia


Mais de 54 milhões de europeus vivem sozinhos e dois em cada três lares não têm nenhuma criança, segundo um relatório sobre a evolução da família na Europa em 2008, apresentado ontem no Parlamento Europeu.

Segundo o relatório - elaborado pelo Instituto de Política Familiar (IPF), uma entidade que se auto define como sendo civil e independente - a Europa é um continente velho "imerso num Inverno demográfico" com a natalidade em crise. O número dos maiores de 65 anos já superou em mais de seis milhões os jovens menores de 14 anos e cada vez nascem menos crianças (quase um milhão de nascimentos/ano menos do que em 1980).

O relatório revela que dois em cada três lares europeus não têm nenhuma criança e apenas 17% das famílias têm dois ou mais filhos. E pessoas a viver sozinhas são já 54 milhões na Europa.

Malta, Chipre, Roménia e Espanha são os países com maior número de membros por lar, enquanto as casas da Alemanha, Dinamarca, Finlândia e Suécia são as mais despovoadas.

No que diz respeito ao índice de natalidade, Eslováquia, Polónia, Roménia e Alemanha são os países da União Europeia com valores mais críticos. As mulheres europeias têm filhos cada vez mais tarde (quase com 30 anos), em especial as espanholas e as italianas.

Em 27 anos, a Europa perdeu mais de 20 milhões de jovens, enquanto a população com mais de 65 anos aumentou em 23 milhões, superando assim os 80 milhões em 2007, o que representa 17% da população europeia e uma inversão na pirâmide populacional. No ano passado, um em cada cinco europeus tinha mais de 65 anos.

Nos 27 países da União Europeia é feito um aborto em cada 27 segundos o que representa um milhão e duzentos mil abortos anuais, segundo a mesma fonte.

Apesar de envelhecida, a Europa destina, em média, apenas 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em apoios à família. Em termos orçamentais, segundo o IPF, 28% do PIB destinam-se a gastos sociais, dos quais apenas 2% são para as famílias. Portugal é dos países que menos investe nos apoios familiares, alocando apenas 1,2% do PIB a essa rubrica.