Filomena Fontes, in Jornal Público
"Uma verdadeira batalha política." Sem meias palavras, foi desta forma que José Sócrates alertou os dirigentes nacionais do PS para a escalada de contestação contra o novo Código do Trabalho que estará em marcha, pedindo-lhes um especial "empenhamento" no esclarecimento dos militantes sobre as virtudes da reforma.
Anteontem, na reunião da comissão política nacional, o líder socialista elegeu o PCP como principal actor dessa ofensiva - a quem acusa de estar apostado em tudo fazer para impedir um acordo em sede de concertação social. Mas não ignorou, também, a ameaça vinda do Bloco de Esquerda, argumentando que os dois partidos tentarão disputar espaço para capitalizarem politicamente descontentamentos.
Face ao combate antecipado pelo secretário-geral, Vieira da Silva anunciou que vai elaborar um argumentário, com perguntas e respostas, sobre as questões principais que estão a ser negociadas com os sindicatos, uma espécie de manual para distribuir aos militantes nas sessões de esclarecimento que a direcção do partido quer ver organizadas por todo o país e que, aliás, arrancaram já no passado fim-de-semana.
No sábado, em Braga, José Sócrates tinha já convocado os militantes à mobilização contra "sectarismos e radicalismos" de partidos e sindicatos - atacando em particular o PCP e a CGTP - e contrapondo as medidas virtuosas da revisão, como o combate à precariedade e a penalização dos recibos verdes.
Anteontem, o líder socialista voltou ao tema, anunciou como seu propósito que a lei entre na Assembleia da República no final de Maio, mas coube ao ministro do Trabalho explicar detalhadamente o conteúdo da reforma. Carlos Trindade, que integra a tendência socialista da CGTP-IN, foi o único dirigente a intervir sobre alguns aspectos da proposta, já sem a presença de José Sócrates, que teve de abandonar a reunião mais cedo por motivos pessoais.
Na reunião, foram ainda aprovadas as datas para a realização das "directas" para a eleição dos líderes das federações (24 e 25 de Outubro) e dos congressos federativos (7 e 8 de Novembro). Um calendário que terá de ser ratificado agora pela comissão nacional, que foi marcada para 31 de Maio.
Vieira da Silva e José Sócrates querem impedir o PCP de "cavalgar" a onda de contestação às leis laborais