22.5.08

Leis laborais vão ter cartilha de Vieira da Silva para socialistas

Filomena Fontes, in Jornal Público

"Uma verdadeira batalha política." Sem meias palavras, foi desta forma que José Sócrates alertou os dirigentes nacionais do PS para a escalada de contestação contra o novo Código do Trabalho que estará em marcha, pedindo-lhes um especial "empenhamento" no esclarecimento dos militantes sobre as virtudes da reforma.

Anteontem, na reunião da comissão política nacional, o líder socialista elegeu o PCP como principal actor dessa ofensiva - a quem acusa de estar apostado em tudo fazer para impedir um acordo em sede de concertação social. Mas não ignorou, também, a ameaça vinda do Bloco de Esquerda, argumentando que os dois partidos tentarão disputar espaço para capitalizarem politicamente descontentamentos.

Face ao combate antecipado pelo secretário-geral, Vieira da Silva anunciou que vai elaborar um argumentário, com perguntas e respostas, sobre as questões principais que estão a ser negociadas com os sindicatos, uma espécie de manual para distribuir aos militantes nas sessões de esclarecimento que a direcção do partido quer ver organizadas por todo o país e que, aliás, arrancaram já no passado fim-de-semana.
No sábado, em Braga, José Sócrates tinha já convocado os militantes à mobilização contra "sectarismos e radicalismos" de partidos e sindicatos - atacando em particular o PCP e a CGTP - e contrapondo as medidas virtuosas da revisão, como o combate à precariedade e a penalização dos recibos verdes.

Anteontem, o líder socialista voltou ao tema, anunciou como seu propósito que a lei entre na Assembleia da República no final de Maio, mas coube ao ministro do Trabalho explicar detalhadamente o conteúdo da reforma. Carlos Trindade, que integra a tendência socialista da CGTP-IN, foi o único dirigente a intervir sobre alguns aspectos da proposta, já sem a presença de José Sócrates, que teve de abandonar a reunião mais cedo por motivos pessoais.

Na reunião, foram ainda aprovadas as datas para a realização das "directas" para a eleição dos líderes das federações (24 e 25 de Outubro) e dos congressos federativos (7 e 8 de Novembro). Um calendário que terá de ser ratificado agora pela comissão nacional, que foi marcada para 31 de Maio.

Vieira da Silva e José Sócrates querem impedir o PCP de "cavalgar" a onda de contestação às leis laborais