Ana Marques Gonçalves, in Jornal Público
Uma mudança de atitude face às pessoas com necessidades especiais foi a ideia que o provedor municipal dos Cidadãos com Deficiência, João Cottim, transmitiu na cerimónia destinada ao balanço dos quatro anos de actividade da provedoria municipal do Porto. "Se continuarmos a adoptar uma posição e um discurso fácil, ideologicamente correcto mas oco, perderemos definitivamente a batalha da inclusão e da justiça social."
Apesar de admitir que muito falta fazer na criação de condições de mobilidade, o provedor congratulou-se pelas acções levadas a cabo desde 2004: "Pode-se dizer que hoje não há obra que não cumpra os critérios de acessibilidade e os transportes públicos, exceptuando os táxis, são amigáveis e servem a todos. O Metro do Porto e os autocarros da STCP são um bom exemplo, aliás, reconhecido no Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidades, aprovado na resolução de Conselho de Ministros 120/2006 de 21 de Setembro."
Sob o lema Porto: A mobilidade como resultado, foram realizadas intervenções pontuais e intervenções em grandes espaços, incidindo sobretudo nos Aliados, Rua do Ameixial, Viso, zonas envolventes do Estádio do Bessa, estações do metro e do Teatro Helena Sá e Costa.
Rui Rio, presidente da câmara - a primeira a nível nacional a instituir a figura do provedor dos Cidadãos com Deficiência - teceu rasgados elogios a João Cottim e à acção do seu gabinete na cidade, mas reconheceu as dificuldades: "Estamos quase todos de acordo com as propostas do provedor, mas passar à prática é um problema. Demora anos a entrar na rotina prática. É um trabalho difícil."
"O que está aqui em causa não é solidariedade, é criar condições específicas para que cada um caminhe livremente sem ser preciso levá-lo ao colo", disse Rio, antes de acrescentar: "As pessoas não são iguais e nós devemos ter uma política que reponha o mais possível essa igualdade."