Ângelo Teixeira Marques, in Jornal Público
Microsoft e Citeve vão alargar programa de formação a outros sectores de actividade depois do sucesso obtido no sector têxtil
O comissário Vladimir Spidla encorajou a Microsoft a ser "parte activa na qualificação dos trabalhadores e na coesão social"
O sucesso do Programa Tecnologia, Inovação e Iniciativa (TII) que a Microsoft lançou há dois anos em parceria com o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (Citeve), foi fundamental para que a empresa multinacional de informática decidisse premiar o seu ramo em Portugal com meios financeiros suficientes para alargar a experiência para as áreas da metalurgia e metalomecânica, cortiça e cerâmica.
O TII foi lançado em 2006 para dotar com conhecimentos informáticos os desempregos do sector têxtil do Vale do Ave e da Covilhã, tendo em vista a sua reintegração no mercado de trabalho, depois de se libertarem da "infoexclusão". Ontem, decorridos dois dos três anos do programa, foi apresentado o balanço do projecto onde se destacou o sucesso alcançado na "taxa de empregabilidade": 40 por cento dos formandos (687 pessoas) estão de novo a trabalhar. O que significa que, a um ano do final do TII, as expectativas dos promotores foram largamente ultrapassadas, dado que a Microsoft e o Citeve partiram com o desejo de obter 10 por cento de regressos ao mundo laboral, como realçou o director-geral do centro localizado em Vila Nova de Famalicão. Hélder Rosendo especificou que, até ao final de Março, 1719 formandos já tinham concluído a formação básica nos centros de Santo Tirso, Guimarães, Vila Nova de Famalicão e Covilhã, mas até 2009 serão proporcionadas qualificações (com vários níveis) a 3488 pessoas, a maioria de meia-idade. Dos inscritos no TII, 300 pessoas de Famalicão e da Covilhã foram encaminhadas para os Centros de Novas Oportunidades onde realizaram processos de revalidação e reconhecimento de competências.
Tendo em conta os resultados obtidos, a Microsoft decidiu alargar o programa a mais pólos ligados à Associação dos Centros Tecnológicos de Portugal (Recet), em Santa Maria de Lamas (área da cortiça), Porto (metalúrgica e metalomecânica) e Região Centro (vidro e cerâmica). O investimento para a Microsoft será de 180 mil euros tendo em vista a criação de 36 postos de formação e a instalação de 42 computadores. E como em equipa que vence não se mexe, manterá a parceria com o Citeve.
"Este é um projecto exemplar porque cria motivação e aumenta a auto-estima de pessoas que foram para o desemprego", frisou Nuno Duarte, director-geral da Microsoft Portugal que quer ver formadas 1500 pessoas (nos sectores de actividade onde vão entrar) até Julho de 2009.
Ontem, as pessoas que se deslocaram às instalações do Citeve em Famalicão para receber os diplomas, assistirem ao lançamento do novo programa, e tiveram oportunidade de ouvir o Comissário Europeu para o Emprego, Vladimir Spidla "encorajar" a Microsoft a ser "parte activa na qualificação dos trabalhadores e na coesão social". Uma ideia que o ministro do Trabalho acentuou com a menção à "responsabilidade social das empresas" que, no seu entender, está "a ter um novo protagonismo".
Mas Vieira da Silva não quis perder a oportunidade de comparar o programa (onde está representado através do Instituto de Emprego) com as "prioridades do Governo" na qualificação da mão-de-obra. "Mais de 400 mil pessoas, ou seja, mais de 10 por cento de trabalhadores por conta de outrem, inscreveram-se no Programa de Novas Oportunidades e inserido no Plano Tecnológico já foram contempladas 200 mil pessoas com computadores com acesso à banda larga [da Internet]", disse o ministro, que, questionado pelo PÚBLICO sobre a persistência de índices elevados de desemprego no Vale do Ave, anunciou que o Quadro de Referência de Estratégia Nacional (QREN) vai contemplar programas financeiros na área social para combater os problemas que assolam a região.


